A partir de agosto uma nova resolução da ANP (Agencia Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), órgão responsável pela regulação das indústrias de petróleo, gás natural e biocombustíveis, passa a aplicar a Resolução nº 807, editada em 23 de janeiro, pelo presidente Jair Bolsonaro. O que muda? A atual octanagem da nossa gasolina comum de no mínimo 87 octanas passará a 93 enquanto na gasolina premium de 95 passará a 98 octanas. Outra mudança será a densidade da gasolina que passará a ser 0.715 kg/L para todos os produtos comercializados no país. Apesar das mudanças a mistura de etanol à gasolina não terá alteração: seguirá em 27,5% para produtos comuns e aditivados e no máximo 25% para combustíveis de alta octanagem. Traduzindo: a maior octanagem da gasolina deixará nosso combustível mais eficiente, a densidade uniforme deixará a combustão mais precisa e com menos emissões e permitirá que a indústria fabrique motores mais econômicos. Nosso novo padrão de gasolina chegará ao mercado a partir de agosto e com a nova octanagem teremos os mesmos níveis de eficiência dos produtos oferecidos em países desenvolvidos. Esta mudança, no entanto, já vem ocorrendo nos últimos anos em fases. Desde 1989 nossos produtos não tem mais chumbo tetraetila (CTE) na composição o que torna nosso combustível menos poluente e desde 2014 o teor de enxofre foi reduzido de 200 para 50 partes por milhão (ppm). A mistura de etanol tem o mesmo objetivo de aumentar a eficiência lembrando que hoje um automóvel abastecido com gasolina é 30 vezes menos poluente que um equivalente na década de 1980.Qual o problema da gasolina de "baixa octanagem"? Primeiro é preciso entender o que é a octanagem. Esta palavra significa a capacidade da gasolina de explodir internamente no motor em um processo que é iniciado por uma faísca elétrica (das velas). Com o ar, ocorre a combustão e quanto maior a octanagem melhor é feita essa queima. Em alguns carros a baixa octanagem da gasolina antecipa esse processo e faz o motor trabalhar, mesmo que por pouco tempo, sem combustível o que desgasta o motor de forma prematura. Esta detonação prematura prejudica a vida do motor. A baixa octanagem também prejudica a eficiência do motor segundo sua taxa de compressão. Por isso no Brasil muitos carros importados apresentam problemas a longo prazo por terem tecnicamente taxa mais alta de compressão enquanto nossa gasolina, até então, tinha baixa octanagem e não acompanhava a eficiência desses propulsores. Quando os carros são "nacionalizados", um dos processos é ajustar e reduzir essa taxa de compressão para não causar problemas durante o uso do ano. Com essa melhora na qualidade da gasolina esse ajuste não precisará mais ser feito. O efeito colateral da medida é que o combustível deve ficar ainda mais caro em todo o país. A adequação elevará o custo de produção da gasolina e ainda que a Petrobras não detalhe essa questão é certo que o consumidor sentirá o efeito da mudança também no bolso e no orçamento familiar.