O mercado brasileiro avança na eletrificação com a maioria das opções híbridas e elétricas vindas da China e do Japão. Portanto, marcas tradicionais no país começam a disputar espaço nesse segmento. A Fiat entrou na competição com híbridos flex feitos no Brasil no ano passado com os modelos eletrificados Pulse Hybrid e Fastback Hybrid.Em um teste de mais de 500 km, o R7 Autos-Carros avaliou o Pulse Impetus Turbo 200 Hybrid. O modelo registrou consumo de 15 km/l e custa R$ 144.990, mas sua tecnologia demanda adaptação por parte do motorista.Diferente dos modelos da BYD e da Toyota, a tecnologia do Fiat Pulse Hybrid utiliza um sistema híbrido leve de 12 volts acoplado ao motor T200 1.0 turbo de três cilindros e 12 válvulas. O sistema substitui o alternador e o motor de partida por uma máquina elétrica ligada ao virabrequim por correia. Com isso, essa tecnologia opera para dar a partida no veículo e para acionar o sistema start-stop, que nunca desliga. É nesse ponto que o motorista precisa se adaptar, uma vez que, no para e anda do trânsito das grandes cidades, o start-stop pode se tornar chato. No entanto, é graças a ele que as emissões de gases nocivos são reduzidas e o consumo do veículo é menor.Antes de falarmos de consumo, é preciso entender que, debaixo do banco do motorista, há uma bateria de 12 volts de lítio, que trabalha em conjunto com a bateria de chumbo de 12 volts localizada no cofre do motor. Por não ser um sistema híbrido plug-in ou convencional, tem quem diga que essa tecnologia da Fiat está ultrapassada, mas não é bem assim. De fato, o Pulse Hybrid não conta com uma bateria maior como os modelos chineses e japoneses. Inclusive, essa tecnologia a Stellantis pretende lançar no futuro em outros modelos, especialmente nos Peugeot. No entanto, o sistema presente no SUV compacto da Fiat é mais acessível, o que torna seu preço mais competitivo em relação aos modelos orientais, fazendo com que mais pessoas tenham acesso a um modelo eletrificado. Além disso, por ser feito no Brasil, o preço fica mais em conta. Outro ponto importante é que essa tecnologia deixou o crossover mais ágil ao rodar. Agora, o Fiat Pulse Hybrid não apresenta mais delay no pedal do acelerador, e a transmissão CVT não interfere nas arrancadas e retomadas, pois a máquina elétrica auxilia na impulsão do motor a combustão, que entrega até 130 cv e 20,4 kgfm de torque. Mas vale lembrar que esse motor não traciona o carro sozinho e sim “ajuda” na tração. Traduzindo, leitor, o carro ficou mais interessante para quem gosta de uma pegada mais esportiva, uma vez que a máquina elétrica confere a sensação de guiar um veículo 1.6, por exemplo. O pedal de freio também ficou mais arisco, pois é através dele que a bateria de 12V de lítio será carregada, além da desaceleração. Ademais, o start-stop é incômodo, só que com passar do tempo dirigindo o Pulse híbrido você se acostuma e entende a importância dele para o sistema.Enfim, quando se fala em um carro eletrificado é o consumo que mais importa. Pois bem, durante uma semana rodamos na estrada e no trânsito de São Paulo, tanto com gasolina quanto com etanol. Com gasolina fizemos 13,4 na cidade, o que é exatamente a média do Inmetro, já na estrada fizemos 15,1 km/l, o que é superior ao divulgado, que é de 14,4 km/l. Por sua vez, com etanol fizemos 8,7 km/l no trecho urbano, contra 9,3 km/l do Inmetro, e na estrada a média foi de 11,7 km/l, superando o Inmetro, que fala em 10,2 km/l. Um dos fatores que podem ter ajudado a chegar em bons números de consumo na estrada foi utilizar o piloto automático, que não é adaptativo, mas se bem utilizado permite consumir menos.Embora não tenha a mesma tecnologia dos modelos chineses e japoneses, o modelo da Fiat consegue entregar bons níveis de consumo, que é o que o cliente de carros híbridos procura.O Fiat Pulse Impetus Hybrid não tem mudanças visuais, apenas uma indicação de emblema por ser eletrificado, que é uma vantagem para quem mora em São Paulo, pois está livre do rodízio e, também, tem descontos no IPVA em alguns estados, o que também é uma diferencial em relação aos rivais não híbridos.Em relação aos equipamentos, o modelo traz bons itens como central multimídia de 10,1 polegadas com conexão sem fio com Android Auto e Apple CarPlay, que funciona bem sem engasgos e traz um boa câmera de ré, portas USB convencionais e do tipo C, painel de instrumentos digital de 7 polegadas, que é moderno e de fácil entendimento de como o sistema eletrificado funciona, frenagem autônoma de emergência, alerta de mudança de faixa, quatro airbags, controle eletrônico de estabilidade, chave presencial, freios ABS, farol automático, carregador de smartphone sem fio, entre outros. O crossover tem um bom acabamento dos bancos, boa ergonomia para o motorista, mesmo com muito plástico no painel e nas portas.O preço do Pulse Hybrid é de R$ 144.990, que é R$ 6 mil a mais do que o principal rival direto Renault Kardian, que é oferecido por R$ 138.990 e, também, não conta com tecnologia híbrida. Portanto, a Fiat navega no famoso Oceano Azul do Marketing, visto que nesta categoria ainda não existem rivais eletrificados. Com isso, o Pulse Hybrid é de fato o primeiro SUV compacto híbrido com preço acessível do mercado brasileiro. Sim, vale a pena para quem quer ter um carro que polui menos e, também, tenha bons níveis de consumo, mesmo que a tecnologia não seja híbrido convencional ou híbrida plug-in como os dos japoneses e chineses.