A crise entre Palácio do Planalto e Congresso Nacional e a provável iminente derrota em pautas importantes para o governo Lula fez com que o presidente da República entrasse em campo nesta semana, com sinalizações aos parlamentares por meio de “broncas” públicas em ministros, cobrando melhorias na articulação política.
Lula também se reuniu com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) no último domingo (21) para tentar acalmar os ânimos. O Planalto deixou chegar ao conhecimento da imprensa que o encontro foi “positivo”.
A confirmação sobre o sucesso do presidente da República — ou não — será dada nas votações previstas para esta semana no Congresso Nacional, iniciando pelo PL (projeto de lei) do Perse, programa de incentivo ao setor de eventos. Custará cerca de R$ 10 bilhões anuais aos cofres da União e pode ser apreciado nesta terça-feira (23), na Câmara dos Deputados.
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Depois de ouvir de Lula que ele deveria “ler menos” e focar mais no relacionamento com o Legislativo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participou nesta terça da reunião de líderes da Câmara, em mais uma tentativa de sensibilizar os deputados e negociar a proposta do Perse.
Outra preocupação para o governo está na análise do veto aos R$ 5,6 bilhões em emendas de comissão na LOA (Lei Orçamentária Anual). A apreciação será na sessão do Congresso Nacional, marcada para esta quarta-feira (23).
O Planalto tenta acordo para manter pelo menos R$ 2 bilhões do veto e liberar R$ 3,6 bi, mas parlamentares e líderes, especialmente os mais próximos a Lira, fazem coro nos bastidores pela derrubada integral do veto e consequente retomada do domínio sobre os R$ 5,6 bilhões.
Também entre as pautas previstas na sessão do Congresso está o veto de Lula ao fim das “saidinhas”. A ala mais conservadora do Legislativo trabalha pela derrubada do veto, enquanto o Planalto tenta negociar a manutenção com governadores e com a bancada evangélica.
O sucesso da estratégia de Lula desta semana, de fazer acenos aos parlamentares e tentar aproximação com Lira, será avaliado no resultado das votações. Fato é que o presidente da República se sentiu na obrigação de tomar as rédeas da situação diante da iminente “chuva” de derrotas no Congresso. Porém, só depois de ter defendido a permanência no cargo do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT-SP), “desafeto pessoal” do presidente da Casa Baixa.