Silvio Santos: grandes e pequenas histórias de quem trabalhou por seis anos com o apresentador
Não é uma tarefa fácil descrever um dos maiores comunicadores do país
Você, com certeza, já leu várias reportagens e textos sobre a morte de Silvio Santos. Eu nem tenho a pretensão de tentar descrever tudo que ele representa e representou para a comunicação do nosso país. Mas, como alguém que foi por seis anos trabalhou na emissora dele, o SBT, posso contar alguns dos bastidores da empresa.
Eu me lembro, por exemplo, da primeira vez que o jornalismo da emissora entrou ao vivo no Programa Silvio Santos. Isso foi durante o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Silvio, ao contrário das outras emissoras, decidiu não transmitir toda a sessão do Congresso Nacional ao vivo. Entramos na programação ao vivo e eu fui escalado para a cobertura.
Uma das nossas preocupações era não errar o nome do programa do patrão. Depois das informações, não era “continue assistindo ao programa do Silvio Santos”, mas sim ao “Programa Silvio Santos”. A marca e o respeito são grandes, nós do jornalismo tivemos receio de errar. Ainda bem que não falhamos.
Isso, de certa forma, foi um marco para o jornalismo da emissora que, como todos sabem, não era uma prioridade do comunicador Silvio Santos. Ele sempre foi ligado prioritariamente ao entretenimento.
Também eram bem conhecidas na emissora as ligações de Silvio Santos para que o jornalismo priorizasse as notícias e deixasse um pouco de lado as reportagens produzidas. Às vezes ele ligava durante o jornal para a emissora. Embora parecesse uma decisão difícil, podemos ver que hoje, no geral, a televisão prioriza as reportagens factuais, ou seja, notícias.
Eu me recordo também dos dias no SBT em São Paulo. Silvio Santos passava pelos corredores da emissora e isso era um acontecimento. Nós, funcionários, ficávamos o admirando com olhares de idolatria e, quem sabe, tentando uma foto.
Em resumo, difícil falar muito, o melhor é só dizer: “Obrigado, Silvio”.
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