Irã é acusado de esconder segredos nucleares; agência da ONU teme ‘bomba atômica’
Último relatório da AIEA aponta falta de cooperação e transparência do país persa, que se aproxima cada vez mais das armas de destruição em massa
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Em um congresso em Viena, na Áustria, os diretores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão ligado às Nações Unidas, foram duros com o Irã. O diretor-geral da agência, Rafael Grossi, chegou a falar em “preocupação” e medo que Teerã mude a doutrina pacífica do programa atômico e comece a enriquecer urânio a ponto de construir armas e bombas nucleares.
E, segundo eles, essa situação pode estar bem mais perto do que todos imaginam: “A agência perdeu a continuidade do conhecimento em relação à produção e inventário de centrífugas, rotores e foles, água pesada e concentrado de minério de urânio. Já se passaram mais de três anos desde que o Irã parou de aplicar provisoriamente seu Protocolo Adicional e, portanto, também faz mais de três anos desde que a agência conseguiu realizar acesso complementar no Irã.”
Ninguém sabe em que pé está o programa nuclear iraniano. Na sequência o trecho de Grossi que mais chama atenção: “Você notará que o estoque de urânio enriquecido do Irã continua a aumentar, incluindo o enriquecido em até 60%.”
Para ficar claro, o urânio que é encontrado na natureza tem uma concentração de 99,27% da variante U-238 e somente 0,72% de U-235, que é a usada para combustível e armas nucleares.
Ou seja, o chamado “urânio enriquecido” é o que tem alta concentração da variante U-235. E aí vem o seguinte cálculo:
Quando enriquecido em até 5%, o urânio pode ser usado como combustível de usinas nucleares.
Quando enriquecido em até 20%, o urânio pode ser usado para pesquisas.
Até esse momento, qualquer programa nuclear é visto como pacífico.
Mas, segundo agência, o urânio do Irã já está enriquecido em 60%. Para chegar em 90%, que é o usado em armas nucleares, não demora muito. Por isso, a preocupação da agência.
Em nota, o Irã rebateu todas as acusações do órgão e voltou a garantir que o programa é totalmente pacífico. Considerou a decisão da AIEA como “politicamente motivada” e que o país segue empenhado em continuar a parceria.
Mas não citaram a declaração do assessor do supremo líder do país, o aiatolá Ali Khamenei, há cerca de um mês.
Veja o que ele disse em entrevista: “Não temos a decisão de construir uma bomba nuclear, mas se a existência do Irã for ameaçada, não haverá outra escolha a não ser mudar nossa doutrina militar”.
A tensão continua no Oriente Médio.
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