Atacado por Lula, setor financeiro faz hoje desagravo a Haddad
Ministro enfrenta desgaste político após devolução de medida provisória. Desequilíbrio fiscal desafia Fazenda
Terá tom de desagravo o encontro de representantes do setor financeiro com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em São Paulo. O titular da economia enfrenta forte desgaste político após ver devolvida pelo senado medida provisória que pretendia recuperar perdas para os cofres públicos causadas pela desoneração da folha de pagamentos de empresas e pequenas prefeituras.
A operação para derrubar a MP mobilizou corporações da indústria e da agricultura e acabou tendo o aval do próprio presidente Lula.
O encolhimento da autoridade de Haddad é tido como risco para representantes do setor financeiro, uma vez que ele é visto como interlocutor confiável e mantém diálogo permanente com a categoria, além de, ao contrário de setores do PT, insistir na recuperação das finanças públicas.
O ministro, no entanto, vem colhendo derrotas em série no Congresso. Desta vez, devem se reunir em torno de Haddad neste momento crítico para o chefe da economia pesos pesados do “mercado” – entidade alvo das mais duras críticas do presidente Lula. Estão previstas presenças de representantes da cúpula da Febraban, Itaú, Bradesco e BTG Pactual.
Na pauta, além de reiteradas manifestações de apoio a Haddad, formas de estabilizar o desequilíbrio fiscal, diante das crescentes demandas por gastos e do esgotamento das estratégias de recuperação de receitas.
As medidas cogitadas pelo Senado – ao todo seis propostas legislativas e administrativas – não alcançam a receita almejada pela Fazenda para fazer frente às perdas, estimadas em mais de R$ 29 bilhões. O discurso oficial no governo é de que “a bola agora está com o Senado e com os empresários”, como reiterou o presidente Lula, em missão oficial à Europa.
Mas a área econômica sabe que terá de entrar com medidas que permitam recuperação garantida dos recursos. Haddad menciona vagamente a palavra “cortes”, mas até o momento tem colhido resistência política firme no ambiente político, seja no PT, seja no governo, para redução de gastos.