O Copom (Conselho de Polícica Monetária), do BC (Banco Central), decidiu nesta quarta-feira (29) elevar a taxa básica de juros da economia brasileira em 1 ponto percentual, passando de 12,25% para 13,25% ao ano. Com isso, a taxa volta ao patamar registrado em agosto de 2023, na quarta alta consecutiva, desde setembro. E a perspectiva é que a Selic chegue a 14,25% no primeiro trimestre de 2025.O aumento dos juros é uma medida para conter o consumo e o aumento de preços, combatendo a inflação. Além da economia, os investimentos também são afetados. A alta da Selic torna mais rentáveis as aplicações de renda fixa que são atreladas à taxa, como os CDBs pós-fixados e fundos DI.Antônio Sanches, analista do time de research da Rico, fez uma simulação mostrando o impacto em diferentes investimentos do aumento da Selic, para 13,25%, que já havia sido foi sinalizado pelo Banco Central. Ele analisa dependendo do tipo de indexador da renda fixa.“Para os pós-fixados, isso significa uma rentabilidade um pouco maior. Os pós-fixados acabam sendo utilizados pelos investidores, muitas vezes, como um investimento de mais liquidez, de mais curto prazo, principalmente, renda fixa com liquidez diária, para formar reserva de emergência ou para objetivos de curto prazo, no caso em que precise resgatar. Ou então alinhando o vencimento do investimento com o objetivo do investidor”, afirma.Já os investimentos atrelados ao IPCA, índice que mede a inflação oficial do país, têm uma característica um pouco mais diferente. “A intenção desse investimento é proteger o investidor da perda de poder de compra ao longo do tempo, pela inflação medida pelo indicador do IPCA, que continua também com taxas bastante altas. O investidor consegue proteger parte do patrimônio contra a inflação, com uma rentabilidade adicional de 7% quase 8%, dependendo do vencimento desses títulos”, acrescenta Sanches.Para os prefixados, o analista destaca que não deve ter muita mudança. “Essa alta já era esperada pelo mercado. Os títulos prefixados já estão contabilizando a alta da taxa de juros do Banco Central, a não ser que venha uma sinalização muito diferente, que aponte uma alta para as próximas reuniões acima do esperado.”Com isso, os prefixados continuam também com uma rentabilidade alta. “Mas esse investimento já traz um pouco mais de risco. Então é muito importante que o investidor alinhe bem o prazo de vencimento dele com o objetivo para não precisar resgatar esse investimento de forma antecipada. Isso também acontece nos títulos IPC+, mas com uma magnitude um pouco diferente.”Para ele, é sempre importante o investidor olhar a taxa da rentabilidade e a questão se é isenta ou não de Imposto de Renda para ter a taxa efetiva, ou seja, o valor real que ele vai ter do rendimento daquele título já considerando o pagamento do tributo.Para os investimentos pós-fixados, a gente tem então uma perspectiva muito boa, para os IPC+, a perspectiva também continua sendo boa.“A preferência é por títulos isentos do Imposto de Renda e, para os títulos prefixados, um pouco mais de atenção porque sempre existe o risco de que os juros continuem aumentando e o investidor pode sofrer uma marcação ao mercado considerável nos títulos ou perder a oportunidade de ganhar um pouco mais em um título que tenha uma rentabilidade maior ou até mesmo perder dos pós-fixados se acontecer uma alta da taxa de juros além do que já é esperado”, avalia Sanches.Para Reinaldo Domingos, presidente da Abefin (Associação Brasileira de Educadores Financeiros), embora o rendimento da poupança não seja tão interessante, ela continua sendo uma opção segura para a população que não tem familiaridade com outros tipos de investimentos.“Portanto, a poupança não deve ser criticada de forma absoluta. Ao contrário, ela deve ser incentivada, junto com a educação financeira, para que as pessoas possam, gradualmente, fazer escolhas mais informadas sobre onde investir o seu dinheiro. Mesmo que o rendimento seja baixo, é sempre melhor aplicar o dinheiro na poupança do que deixá-lo parado em casa ou no banco, o que pode gerar perdas ainda maiores”, avalia.Ele explica que a poupança já atingiu sua trava. “Quando a Selic ultrapassa 8,5% ao ano, a poupança rende um teto de 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR), que é calculada diariamente com base nas taxas cobradas pelas 20 maiores instituições financeiras do país. Ou seja, não importa se a Selic está em 8,5%, 12% ou 20%, o rendimento da poupança será sempre o mesmo”, afirma Domingos.