A vida sexual do Gugu NÃO é da sua conta!
Todos nós, em algum momento, quisemos saber um detalhe ou outro da vida alheia. Mas, no caso do Gugu, isso extrapola os limites da fofoca. É pura maldade
Conversa de Repórter|LUCAS CARVALHO, do R7 e Lucas Carvalho
Toda pessoa pública tem uma vida privada. Gugu Liberato preferiu distanciar a fama da intimidade dele. Sempre discreto, quase nada se sabia sobre o que ele fazia ou deixava de fazer longe dos palcos.
Pois bem.
Bastou Gugu morrer para que essa escolha dele fosse violada. Gugu saiu de cena por uma fatalidade. O corpo do apresentador mal tinha esfriado e já havia gente interessada em revirar a fortuna e os segredos que envolviam a vida sexual do artista.
Não vou entrar no mérito da disputa judicial pelo patrimônio de Gugu. Embora nesse enredo haja oportunistas que, teoricamente, aceitaram o anonimato e, agora, exigem um reconhecimento que nunca foi combinado.
Mas, enfim. Vou deixar assunto de Justiça nas mãos da Justiça. Quero falar, mesmo, sobre injustiça.
Desde que Gugu morreu — e, agora, mais do que nunca —, afirmações sobre a homossexualidade do apresentador estão sendo feitas. Mais do que isso, a intimidade que o artista lutou tanto em vida para preservar está sendo exposta descaradamente.
Se Gugu era gay e preferiu não se assumir, foi uma escolha dele. Se a esposa sabia e aceitou, foi uma escolha dela. Se quem, por ventura, se relacionou com ele aceitou guardar segredo, o fez, também, por uma escolha. Ou seja, qualquer que tenha sido o modo de vida de Gugu longe dos holofotes, isso nunca foi problema nosso. A vida sexual dele — sobretudo depois de morto — não é da sua conta nem da minha.
Gugu não merece esse escândalo. O que estão fazendo com a história dele é covardia. Recentemente, surgiu a história de que existiriam vídeos íntimos do apresentador com um suposto namorado. Conversas chegaram a ser divulgadas, e, hoje, uma carta que teria sido escrita por Rose Miriam, esposa do apresentador, foi vazada com falas dela que atestariam a homossexualidade do marido.
Eu pergunto: pra que tudo isso?
Entendo que a vida de alguém famoso desperte a curiosidade das pessoas. Todos nós, em algum momento, quisemos saber um detalhe ou outro da vida alheia. Mas, no caso do Gugu, extrapola os limites da fofoca. É pura maldade. É transformar uma trajetória toda em escândalo.
Não fui amigo do Gugu. Não fui por falta de oportunidade. Teria sido uma honra. Tive a chance de vê-lo uma única vez, rapidamente, durante a cobertura de uma das edições do Teleton. Ao contrário de muitos artistas, Gugu foi excepcional. Foi atencioso e respeitoso com um repórter, na época, inexperiente, mas que realizava um sonho de vê-lo pessoalmente.
Anos depois, esse mesmo repórter, já mais rodado, participou da cobertura de sua morte. Da chegada do corpo ao Brasil até o velório e o sepultamento, estive lá, incrédulo, mas comunicando com respeito um dos acontecimentos mais trágicos da história da televisão brasileira.
Por isso mesmo, tomo as dores de Gugu, mesmo que ele não esteja mais aqui para se defender ou dizer algo. Aliás, o legado dele, por si só, é sua própria defesa. Gugu é parte importante da história da TV. Foi isso que ele nos entregou, não sua vida particular.
Gugu pode ter cometido todos os erros do mundo. De novo: não fui amigo dele, não o conheci. Mas, aqui, minha manifestação é pelo direito de alguém querer desfrutar sua privacidade da forma que quiser, sem ninguém para transformar isso num verdadeiro espetáculo.
É sério que importa para alguém com quem Gugu se deitava ou deixava de se deitar? Deixa esse assunto para os Liberatos, e vai cada um cuidar da sua vida. Pronto, falei.
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