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Uma crônica pra São Paulo

A metrópole bate e assopra: um dia, a gente quer voltar pra casa. No outro, quer transformar em casa essa selva de pedras.

Conversa de Repórter|LUCAS CARVALHO, do R7 e Lucas Carvalho

São Paulo: cidade do mundo.
São Paulo: cidade do mundo. São Paulo: cidade do mundo.

Quando cheguei a São Paulo, vindo do interior, me disseram que se eu passasse três meses morando aqui, certamente, não iria mais embora. Lá se vão mais de três anos.

A verdade é que eu não sei se vou passar a vida toda na maior cidade do País. Às vezes, o jornalismo ou o próprio destino se encarregam de mudar os planos. O que sei é que São Paulo assusta, mas acolhe ao mesmo tempo. Vim pra cá depois de vinte e poucos anos morando no interior. Até então, dava pra contar nos dedos quantas vezes tinha passado pela Marginal Tietê.

Vir pra cá, confesso, não estava nos meus planos até pouco tempo antes de encarar o maior desafio da minha vida. Fui construindo essa possibilidade, pouco a pouco, dentro de mim. Fui me imaginando na capital, sonhando mais alto e criando coragem pra buscar essa chance.

Quando, finalmente, cheguei, quis entender o ritmo da capital. São Paulo para iniciantes é uma incrível descoberta. Você aprende que as quatro estações do ano aparecem num único dia. É possível sair de casa com sol e voltar com o tênis parecendo um aquário, se você não se prevenir. Você aprende que nem todo paulistano é de 'bom dia', mas aqueles que são, são pra valer.

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Descobrir São Paulo é ver que as pessoas, realmente, acompanham a velocidade da metrópole. É muita gente andando depressa, sempre com pressa. Nem todo mundo te olha, mas quando olha, desconfia. Isso não é uma crítica. É só um detalhe, porque viver em São Paulo exige, mesmo, racionalidade.

A vida nas padocas é uma maravilha. Mas, aqui, elas têm um vocabulário próprio. "Entrada" e "saída" ditam o momento de colocar o requeijão na chapa. "Canoa" é o pão sem miolo. "Cafezinho" é a bebida pura e o meu "café com leite", do interior, pode ser uma “média” ou um "pingado".

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Ah, outra coisa: eu não concordo, mas, aqui, o cachorro-quente leva purê de batata. Se for pra ser assim, prefiro o lanchão de mortadela. 

São Paulo tem vida de dia e de noite. Morar aqui é uma intensa briga com o relógio e nem sempre você vence. Bate o cansaço, o nervosismo, o estresse, a raiva do trânsito parado... Mas é um lugar que ensina, que testa, desafia.

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Costumo dizer que São Paulo é cheia de paradoxos. A cidade desperta, em que chega pra ficar, inúmeras sensações. Um dia, a gente quer voltar pra casa. No outro, quer transformar em casa essa selva de pedras. A maior cidade do País não me trouxe, apenas, experiência profissional. Trouxe, sobretudo, um olhar pra vida. São Paulo tem me apresentado situações, pessoas e momentos que me fazem enxergar o quanto cheguei imaturo.

Era o choque de realidade que eu precisava.

São Paulo bate e assopra. Sou grato por isso.

Parabéns, cidade do mundo!

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