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Crônicas de Stoliar

Pelé – O Rei

O eterno camisa 10 cometeu erros, como todo mundo, mas é o único Rei que nunca perdeu a majestade

Crônicas do Stoliar|Do R7


Stoliar encontrou Pelé num voo enquanto voltava da Suíça
Stoliar encontrou Pelé num voo enquanto voltava da Suíça

"Pelé." Se você for brasileiro e pronunciar essa palavra em qualquer lugar deste planeta, pode ter certeza de que todo mundo vai vê-lo de outra maneira. Tudo bem, é fácil dizer "Pelé". Mas não era só isso. A palavra sempre veio acompanhada de um sorriso como resposta. Isso ainda é normal. Pelé era o homem mais famoso do mundo e construiu isso com uma bola no pé. Não me diga que isso é normal, porque não é.

Pelé parecia vir do futuro. Não é à toa que, mais de 60 anos depois de ele ter ganhado a primeira Copa do Mundo, nunca apareceu alguém para se sentar no trono do Rei. 

O eterno camisa 10, que ganhou três Copas, morreu 30 dias depois de ter sido internado com um câncer grave de cólon. Pelé morreu aos 82 anos. Somados, dão 10. Os números perfeitos seguiam Pelé, e eu poderia citar todos, mas não estou aqui para falar disso. Também não vim falar das duras críticas que ele sofreu por só reconhecer a paternidade da filha depois de uma longa batalha na Justiça. Por ironia do destino, Sandra também morreu de câncer, em 2006.

Um dia antes de Pelé morrer, fui enviado ao hospital em que estava internado para dar a notícia sobre a saúde dele. Mas também não vim aqui falar sobre como ele morreu. 


Vou contar como conheci o maior jogador de futebol de todos os tempos, o homem que reinventou o esporte mais amado do mundo.

Minha equipe e eu havíamos viajado para a Suíça para fazer uma série de reportagens para o Jornal da Record, e, por acaso, Pelé também estava no país, mas não sabíamos. O Rei havia sido chamado para prestar depoimento na Fifa, em Genebra, sobre o caso Del Nero (ex-presidente da CBF) e foi pra lá em sigilo. Eis que a sorte (minha, claro) colocou o repórter e o Rei no mesmo voo de volta. Ele, na primeira classe. Eu, na classe executiva. O comissário da companhia aérea me viu e perguntou:


"Você não é repórter da Record?"

"Sim", respondi.


"Você não sabe quem está na primeira classe...", me disse.

"Quem?"

"O Rei Pelé. Quer falar com ele? Te levo lá."

É... Às vezes a sorte bate à porta, e eu não podia perder essa chance. Lá fui eu ver o maior jogador de todos os tempos logo ali. Foram mais de duas horas enchendo a paciência do Rei para conseguir a entrevista exclusiva sobre o depoimento que ele deu à Fifa. Mas era o Pelé, né?! E, como um apaixonado por futebol, eu queria saber todas as histórias dele... Pelé contou algumas, mas por causa do sigilo judicial não pôde me dar a tal entrevista. Mas a foto... Ah! A foto ele topou, e tratou o fã com carinho e respeito.

Pelé foi perfeito? Claro que não. Ele errou, como todo mundo, mas acertou como ninguém.

Tenho orgulho de dizer que vivi na época de Pelé. O único Rei que nunca perdeu a majestade. Vá em paz.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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