Zema organiza flexibilização da quarentena
Governador de MG deve anunciar a liberação de alguns setores até quarta-feira (15); medida contraria médicos e a maioria dos prefeitos do Estado
Eduardo Costa|Do R7
A semana pós-Páscoa promete lances mais enfáticos do alinhamento entre o governador de Minas e o presidente da República. Sem alternativas para fazer o Estado funcionar, Romeu Zema esteve em Brasília, falou com Bolsonaro, esteve com o ministro da Economia e com dirigentes dos bancos oficiais. Ao final das audiências, lá mesmo em Brasília, anunciou a escala de pagamento do mês passado. Obviamente teve sucesso na liberação imediata de recursos. Só que não há almoço grátis, não há ajuda sem retorno e, na mesma entrevista, o governador mineiro admitiu que é preciso verticalizar o isolamento. Não que o chefe da Nação tenha exigido, mas, como o mineiro vem da iniciativa privada, percebe que há divisão de interesses no Estado, resolveu assumir.
Zema sabe que é briga ruim. Contraria médicos, a maioria dos prefeitos e todos os que comemoram os números razoáveis no nosso Estado quando comparados a outros Estados. Mas, nosso líder parece não ter escolha. Seu maior aliado em Minas é o presidente da Federação das Indústrias que, claro, quer a volta das atividades; sua tábua de salvação é o governo federal e, lá, o chefe quer abrir. Assim, Zema determinou que seus secretários passassem o fim de semana estudando setores que podem ter liberação. Deve anunciar até quarta-feira.
Posso até adiantar que Zema pretende preservar os grupos de risco – pessoas com mais de 60 anos e as que têm alguma doença crônica – e liberar os demais, mediante medidas que estão sendo estudadas, tais como uso de máscaras, distanciamento mínimo e evitar muita gente junta. Para não azedar sua relação com alguns prefeitos, caso do de Belo Horizonte, nem correr o risco de ver sua determinação desobedecida, o governador deve deixar a decisão para cada município. Ou seja, estabelece protocolos, sugere e deixa por conta das cidades. E a verdade é que hoje existem cerca de 200 prefeitos mandando abrir, de qualquer jeito. Ele quer pôr o mínimo de ordem no Estado. Só que, sabendo como a aflição pela retomada da vida plena é grande, o leitor já pode imaginar o tamanho da adesão que Zema terá. Quem viver, verá.
Ah, em tempo. Zema vai pagar os salários deste mês, mas, não tem dinheiro para o mês que vem... Nem para alguns compromissos paralelos como depositar 1.600 reais na conta de cada militar para a compra de fardamento. Então, para voltar a Brasília e pedir mais mês que vem Zema tem de mostrar que, pelo menos é simpático à defesa do presidente. Ainda que isso implique briga com muita gente.
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