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Eduardo Olimpio

Bateu e matou porque era mulher !?

 Feridas ou feminicídio demandam reflexões do universo masculino 

Eduardo Olimpio|Do R7

Em tempos de transmissões ao vivo de massacres humanos pela internet, as piores coisas produzidas pela ‘civilização’ espalhada pelo globo terrestre se sobrepõem umas às outras que nem dá pra gente respirar direito entre as ocorrências. Coletivas ou individuais, as cenas de violência têm ocupado com abundância as telas de cristal líquido nos últimos anos.

Neste 2019, não sei se só para mim, mas a impressão que tive foi a de que nunca se matou, mutilou, estuprou ou xingou (a lista de verbos é grande) tanto mulheres como até então. Numa análise rasa e nada duvidosa, contudo, é fácil se dar conta que, milênios após milênio, sempre houve violência - com cardápio variado - de gênero direcionada para o sexo feminino.

No Brasil, uma mulher é vítima de atentado contra sua dignidade a cada 4 minutos
No Brasil, uma mulher é vítima de atentado contra sua dignidade a cada 4 minutos

No Brasil, uma mulher é vítima de atentados contra sua dignidade e identidade a cada 4 minutos, estima um dos estudos feitos pelo Ministério da Saúde. Suponho ser muito maior esse número, sem medo de errar, porque a subnotificação esconde, sob um manto negro mas borrado de vermelho sangue, uma população ainda invisível aos sistemas de amparo à mulher. Basta uma busca na web para se estarrecer com os dados de organizações multilaterais de caráter público e privado, e mais alarmado ainda quando se tem o conhecimento de que muitas delas são vítimas de pessoas de seu relacionamento próximo, na maioria do círculo familiar e/ou afetivo.

Não cabe aqui discutir se esta ou aquela política pública é ou não eficaz para combater esta epidemia, e é claro que devem ser colocadas na prática para tentar, ao menos, diminuir esse dolorido placar. Talvez devêssemos também filosofar sobre que tipo de homem mata uma mulher, deforma seus seios, joga ácido na cara, esfaqueia o seu ventre, chuta o dorso, quebra seu braço, apaga o cigarro na pele e mutila para sempre a alma feminina, que se tiver alguma condição ainda tentará, por instinto, procurar abrigo terapêutico para respostas a questões que não são delas.


O homem, também conhecido como macho e historicamente visto no centro de tudo e de quase todas as civilizações, sempre foi incentivado pelos mandatários e mitos a resolver sua biológica pequenez pela força bruta, que pode vir de um murro ou de uma afiada língua ou punhal. Uma das respostas ancestrais para este comportamento que transpassa séculos sem solução pode estar na escuridão de tempos em que informação, alfabetização etc. não se faziam presentes no cotidiano das massas. Hoje, ricos ou pobres de ponta a ponta do país não podem alegar que o enraizamento da violência contra a mulher espelha algum amparo cultural ou social, seja lá onde for.

A leitura liberta. O conhecimento emancipa o homem de seus incontáveis cantos escuros. Mesmo que olhemos o calor dos fatos, nada, absolutamente nada justifica a carnificina e a moléstia derramada sobre o corpo e o intelecto da mulher.


Às mulheres, vivam o seu direito à vida como desejarem. Aos homens, sobrevivam à escuridão para alcançarem a luz e percebam-se capazes de conviver com o gênero oposto sem depositar nele suas naturais aberrações.

E, a todos, o fone 180 e a Lei ‘Maria da Penha’ 11.340, de 7 de agosto de 2006.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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