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Blog do Heródoto

Disputa de hegemonia: o jogo de poder de Moscou

País se dispõe a enfrentar a soberania dos Estados Unidos

Heródoto Barbeiro|Heródoto Barbeiro

Kremlin, em Moscou Reprodução/Instagram/@embaixada.russia

A Rússia quer consolidar sua hegemonia. Para isso, junta os países que se dispõem a enfrentar a hegemonia dos Estados Unidos, a sede do capitalismo mundial. A reunião organizada pelo Kremlin é minuciosa, com todos os detalhes diplomáticos disponíveis para que a imprensa ocidental não faça uma cobertura com pouco jornalismo e muita crítica sobre essa ação de Moscou.

Os aliados devem ajudar ao máximo a divulgação do encontro, por meio de sua máquina de propaganda – a todo vapor! – e buscar arestas na liderança americana, atribuindo a ela as dificuldades econômicas e financeiras que os convidados enfrentam no dia a dia. É um encontro político, com uma agenda previamente preparada pela Rússia, e os convidados poderão, no máximo, fazer algumas pequenas mudanças. Correções jamais.

Os dirigentes dos países convidados para a cúpula rezam pela cartilha de Moscou. Buscam soluções para seus problemas internos e veem na Rússia um gigante, com grandes reservas de minerais, entre eles petróleo, fertilizantes e carvão. As negociações podem ser feitas em rublos e não mais em dólar. A moeda americana é escassa nesses países, impera o câmbio negro, o tráfico financeiro e as flutuações que emergem de Nova York.

Qualquer declaração que o mercado entenda que seja uma ameaça aos seus lucros, faz o dólar despencar ou sumir do mercado com o preço lá em cima. Há falta de dólar no cofre dos países aglutinados na Rússia, por isso um mercado que aceita as moedas locais pode facilitar o fluxo comercial, ainda que ele seja muito frágil em função da crise vivida pela Europa nos últimos dez anos.


Não há escapatória: é concordar com as imposições do Kremlin, ou arcar com as represálias, que podem ser, inclusive, militares.

Os países ocidentais acusam os participantes da cúpula na Rússia de ditaduras. A democracia liberal está nos seus extertores, dizem os arautos do fim do capitalismo, como está no livro assinado por Vladimir Lênin, o líder da revolução comunista. A reunião tem como foco impedir a progressão do Plano Marshall da Europa Ocidental, destruída pela guerra, para os países que ficaram atrás da Cortina de Ferro, como os chamava Churchill.


O ditador russo, Josef Stálin, está no auge do seu poder absolutista e é o centro do culto da personalidade. Em 1949, lidera a fundação do Comecon – Conselho de Assistência Econômica Mútua. É um absolutista que faz contínuos expurgos no Partido Comunista da União Soviética de acusados de conspirar contra a revolução proletária vitoriosa em 1917.

O pacto dá mais projeção a Stálin, e seus crimes – com mortes de milhares de pessoas – são abafados pelos partidos comunistas ocidentais. Estes avaliam que isso é necessário para acabar com o sistema burguês e permitir que os povos universalmente possam viver o socialismo, etapa inicial para a implantação do comunismo e da ditadura do proletariado. Se o Comecon vai ou não atender às necessidades da Europa Oriental, destruída pela guerra provocada pelos nazistas, só o tempo vai dizer. Previsões há muitas. E conflitantes.


Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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