Não é raro vermos nas redes sociais pessoas esbanjando felicidade e sempre com a necessidade de ostentar um copo de bebida alcoólica em suas mãos. Para alguns, parece não haver prazer ou alegria sem a presença de álcool no pedaço, principalmente nas grandes festas como o Carnaval.É notório que, durante a pandemia de Covid-19, os brasileiros tiveram um aumento substancial no consumo de álcool e drogas. Levantamento feito pela Global Drug Survey (GDS) em 2020 e divulgado em 2021, demonstrou um aumento de 17,2% no consumo de maconha; 7,4% de cocaína e de 12,7% de benzodiazepínicos (ansiolíticos e hipnóticos). Com relação ao consumo de álcool, o aumento foi de 13%. A pesquisa foi realizada com mais de 55 mil pessoas em todo o mundo. E esse aumento, mesmo com o fim da pandemia, persiste.É importante alertar periodicamente sobre o assunto. Foi criado o Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo, comemorado no dia 20 de fevereiro.Sabemos que os feriados prolongados são a oportunidade para o uso dessas substâncias e o feriado do Carnaval é o principal exemplo. Jovens costumam alugar casas, se reunir em grupos e consumir grandes quantidades de álcool e drogas nesses feriados.Bebidas alcoólicas são de fácil acesso para as pessoas, uma vez que são legalizadas. As consequências são diversas, incluindo até mudanças de comportamento, perdas de reflexo, convulsões, além de acidentes e violência.Não é o tipo de bebida que irá fazer mal ou não, e sim a quantidade de álcool ingerida. Recomenda-se que as mulheres consumam, no máximo, sete doses por semana; e os homens 14, sendo que uma dose equivale a uma lata de cerveja, 40 ml de destilado ou uma taça de vinho de 125ml. Claro que tal quantidade semanal não pode ser consumida em uma única oportunidade.Que tipo de felicidade buscamos amparados sempre no álcool? Somos suficientes em estado sóbrio? Para alguns, não há reunião social divertida sem o uso abusivo de álcool e isso me parece um contrassenso.Atualmente, o consumo de álcool representa um grande desafio social e econômico além da saúde e afeta milhões ao redor do mundo.O álcool é uma substância que atua diretamente no sistema nervoso central e em todos os órgãos do nosso corpo, sendo tóxico aos nossos tecidos, podendo ter efeitos imunossupressores (que podem levar a infecções oportunistas por vírus), teratogênicos (em qualquer dosagem, o álcool na gravidez pode levar a malformações do feto) e até carcinogênicos (fator de risco para câncer de laringe, boca e esôfago entre outros). Além disso, o álcool pode causar a dependência e outras doenças mentais, levando até ao suicídio. Portanto, não há nada glamoroso nessa exibição histérica dos copos, canecas e taças de fermentados e destilados. É um péssimo exemplo até dos pais para os filhos adolescentes.Não há necessidade de ser dependente para alguém ter prejuízos decorrentes do uso do álcool. Muitas mulheres reclamam de dificuldades para perder peso e se esquecem que o álcool prejudica qualquer dieta. Outros se queixam de alterações de humor e sono, e se esquecem também de que o consumo do álcool pode estar prejudicando. A verdade é que o álcool está associado a mais de 200 doenças e pode até interferir na economia de um país.Por fim, quisera eu que os malefícios do álcool só envolvessem a esfera do indivíduo que consome e que tem o livre arbítrio de fazer o que bem entende. Mas não, o álcool leva em muitas situações a disrupturas familiares, com traumas psicológicos em filhos e cônjuges. A vítima pode ser alguém também do universo ao redor daquele que consome o produto rotineiramente. E as sequelas geradas geralmente são eternas.