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Ressignificando a menopausa

Invariavelmente, todas as mulheres chegaram a essa etapa da vida, que traz mudanças psíquicas e pode ser vivida em harmonia 

Joel Rennó Jr|Do R7

O acompanhamento clínico preventivo sistemático%2C o cuidado com a alimentação e a prática de exercícios corporais corroboram o tratamento de mulheres com menopausa

(Joel Rennó Jr)

No dia 18 de outubro de 2021, comemoraremos duas datas importantes: Dia do Médico e Dia Mundial da Menopausa.

É fundamental que profissionais de saúde, e mesmo as pessoas leigas, tenham pleno conhecimento das peculiaridades desse período importante do ciclo reprodutivo feminino: menopausa. Com o aumento da expectativa de vida na atualidade, as mulheres vivem pelo menos 40 anos nessa fase. Segundo a OMS, em 2030 teremos 1,2 milhão de mulheres com mais de 50 anos e menopausadas.

A menopausa costuma causar medo, insegurança e pânico a muitas mulheres que a vislumbram como sinônimo de senescência, improdutividade, sofrimento físico e mental. Mas, na atualidade, a medicina oferece diversos recursos para que a funcionalidade e a qualidade de vida sejam excelentes. Mitos e preconceitos precisam ser desconstruídos.

Os aspectos psíquicos da menopausa devem ser do conhecimento de todas as pessoas para favorecer a qualidade de vida das mulheres nessa etapa da vida. Mas, afinal, o que é menopausa? Do grego mens (mês) e pausa (pausa), ocorre em torno dos 50 anos de idade (48-52 anos) na maioria dos países industrializados. Corresponde à última menstruação, que só pode se determinar e diagnosticar após 12 meses de amenorreia (sem menstruar).

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Desde a perimenopausa, período que antecede a menopausa, há alterações hormonais importantes, aumentando a vulnerabilidade da mulher a sintomas físicos e psíquicos em comparação a fases anteriores da vida.

Algumas mulheres são mais sensíveis e se tornam mais vulneráveis do que outras às flutuações hormonais típicas da menopausa. Talvez por isso os sintomas sejam diferentes entre as mulheres.

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A menopausa marca fortemente essa etapa da vida das mulheres. Assim como fases anteriores, essa é influenciada pelo contexto familiar e sociocultural em que elas vivem. Nem sempre as mulheres vivem a menopausa de forma a destacar seus aspectos positivos. Segundo Ribera, o imaginário feminino nas sociedades ocidentais ainda é influenciado pelo modelo biomédico, com uma visão negativa e patológica da menopausa, associando-a a perdas e envelhecimento. Em outras culturas, existe um olhar mais positivo, reconhecendo a possibilidade da conquista de sabedoria e serenidade nessa etapa da vida. Assim, a cultura repercute na resposta individual de cada mulher, associando-se com a experiência mais positiva ou negativa.

Sintomas psíquicos e físicos

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Diversos fatores interferem nas alterações psíquicas e físicas da menopausa. As alterações hormonais e os fatores psicossociais marcam esse período e influenciam as características desses sintomas.

Mulheres mais sintomáticas, que podem e iniciam a reposição hormonal precocemente, costumam ter melhora dos sintomas com a terapia de reposição hormonal (TRH).

As mulheres que apresentam a partir da perimenopausa fenômenos psíquicos como alterações de memória, insônia, labilidade de humor, tristeza e desânimo, junto com mudanças comportamentais relatadas por elas e pela família, podem ter um efeito benéfico diante desses sintomas, com a TRH, além de mudanças cognitivas e de hábitos de vida. Mas as indicações da terapia hormonal geralmente ocorrem para a prevenção de osteoporose, doenças cardiovasculares e tratamento dos sintomas vasomotores severos e moderados (os populares fogachos ou ondas de calor que geram muita incapacidade e podem piorar a depressão).

Existem vários tipos de reposição hormonal, várias dosagens, vias de administração e contraindicações que podem ser individualizadas no tratamento ginecológico – sempre avaliando os riscos e benefícios.

Alguns antidepressivos podem ser úteis também no tratamento da ansiedade e depressão da menopausa, e também dos fogachos. Mas eles precisam ser prescritos por médicos.

Sexualidade na menopausa

A atividade sexual feminina é vivenciada de maneira específica a cada fase do desenvolvimento da mulher em um processo dinâmico que atravessa crises previsíveis com seus ritos de passagem, segundo Zampieri.

Na menopausa, são comuns queixas como diminuição de libido, do desejo de tocar e ser tocada, bem como estranheza e alteração na sensação e na percepção, provocadas em parte pela alteração dos níveis do hormônio estrogênio. Uma mulher com insônia, fogachos, fadiga e depressão, entre outros sintomas, é impactada por esse estado e acaba não sendo parceira sexual disponível e colaborativa. Pode ser um momento de insegurança em relação ao que ela sente no aspecto físico, na sua percepção de ser atraente e desejada, tomando como referência os padrões impostos pela sociedade. Esse é um momento de mudanças, acompanhado de incertezas, mas pode ser superado transformando, aceitando e celebrando o momento e a idade que se atingiu.

Mulheres com sentimentos positivos e boa saúde física na menopausa tendem a ter menos queixas em relação à sexualidade, assim como vivem esse momento com menos sofrimento, segundo Abdo e Fleury.

Mudar padrões de cognição e as sensações que uma mulher tem favorece o desempenho e a qualidade da sexualidade na menopausa. A mulher em torno dos 50 anos pode viver uma sexualidade cheia de surpresas, sem medo de engravidar, despertando e permitindo o que não viveu em fases anteriores. É a oportunidade de aproveitar a liberdade e a autoconfiança conquistadas, bem como de poder contar com seus recursos internos amadurecidos.

O acompanhamento clínico preventivo sistemático, o cuidado com a alimentação, a prática de exercícios corporais e outras formas de tratamento, como grupos psicoeducacionais e psicoterapia de apoio, devem ser estimulados por qualquer profissional da saúde que acompanhe a mulher nesse período.

Nos últimos anos tem aumentado o número de estudos que apontam que práticas e crenças religiosas são uma dimensão importante da qualidade de vida. A mulher e seu corpo físico são um ser transitório e finito na sua existência física, e geralmente chegar à menopausa é pensar no envelhecimento e na morte.

Por fim, além dos tratamentos farmacológicos e psicoterápicos descritos acima, temos a importância de atividades como pilates, ioga e meditação, além dos exercícios físicos aeróbicos e de resistência, para a melhora física e emocional das pacientes. Uma reeducação alimentar também tem um papel vital. Feliz Dia Internacional da Menopausa.

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