Embraer apresenta modelos com propulsão de energia renovável
Setor de aviação tem compromisso com meta de zero emissões líquidas de carbono até 2050.
Luiz Fara Monteiro|Do R7
O setor de aviação tem como maior desafio a médio prazo uma tarefa essencial ao planeta: a redução progressiva da emissão de carbono na atmosfera. E um passo importante foi dado pela Embraer, que anuncia novidades nesse compromisso.
Segundo a fabricante, surge hoje uma família de "aeronaves conceito", concebida para ajudar a indústria a atingir sua meta de zero emissões líquidas de carbono até 2050. Os detalhes da “Energia Family”, a mais recente da iniciativa da empresa denominada Sustainability in Action, foram transmitidos ao vivo por uma rede social, direto da fábrica da Embraer em São José dos Campos.
A empresa fez parceria com um consórcio internacional de universidades de engenharia, institutos de pesquisas aeronáutica e pequenas e médias empresas para entender melhor a captação, armazenamento e gerenciamento térmico de energia, e suas aplicações para a propulsão sustentável de aeronaves.
A “Energia Family” é composta por quatro aeronaves conceito de tamanhos variados que incorporam diferentes tecnologias de propulsão – eletricidade, célula de combustível de hidrogênio, turbina a gás de duplo combustível e híbrido-elétrico.
Energia Hybrid (E9-HE)
• propulsão híbrida-elétrica
• até 90% de redução das emissões de CO2
• 9 assentos
• motores montados na parte traseira
• disponibilidade da tecnologia –2030
Energia Electric (E9-FE)
• propulsão elétrica completa
• emissões zero de CO2
• 9 assentos
• hélices contra-rotativas traseiras
• disponibilidade da tecnologia - 2035
Energia H2 Fuel Cell Gas Turbine (E19-H2FC)
• propulsão elétrica de hidrogênio
• emissões zero de CO2
• 19 assentos
• motores elétricos montados na parte traseira
• disponibilidade da tecnologia – 2035
Energia Gas Turbine (E50-H2GT)
• propulsão de hidrogênio ou SAF / JetA
• redução de emissões de CO2 em até 100%
• 35 a 50 assentos
• motores montados na parte traseira
• disponibilidade da tecnologia - 2040
Cada aeronave está sendo analisada de acordo com sua viabilidade técnica e comercial
Luis Carlos Affonso, vice-presidente sênior de Engenharia, Tecnologia e Estratégia Corporativa da Embraer, explicou a razão por trás da Energia Family.
“Vemos nosso papel como desenvolvedor de novas tecnologias para contribuir com a indústria em suas metas de sustentabilidade. Não há solução fácil ou única para chegar à emissão zero. Novas tecnologias e sua infraestrutura de suporte serão disponibilizadas com o tempo. Estamos trabalhando agora para ajustar os primeiros conceitos de avião, aqueles que podem começar a reduzir as emissões o quanto antes. Aeronaves pequenas são ideais para testar e comprovar novas tecnologias de propulsão para que elas possam, posteriormente, ser aplicadas em aeronaves maiores. É por isso que nossa Energia Family é uma plataforma tão importante”.
Arjan Meijer, Presidente e CEO da Embraer Aviação Comercial, comentou sobre a estratégia da empresa em relação à sustentabilidade “Veremos uma grande transformação em nosso setor para uma aviação mais sustentável. Com 50 anos de experiência no desenvolvimento, certificação e suporte de aeronaves regionais, a Embraer está em uma posição ímpar para viabilizar a introdução de novas tecnologias inovadoras e sustentáveis”.
Embora os aviões da Energia Family ainda estejam na fase de projeto, a Embraer já avançou na redução das emissões de suas aeronaves. A empresa testou combustível sustentável de aviação (SAF), misturas de cana de açúcar e combustível derivado da planta de camelina e combustível fóssil, na sua família de E-Jets. A meta da empresa é ter todos os aviões da Embraer compatíveis com SAF até 2030.
Em agosto passado, a Embraer fez voos com seu Demonstrador Elétrico, um monomotor EMB-203 Ipanema, 100% movido a eletricidade. Já um demonstrador de célula de combustível de hidrogênio está planejado para 2025 e o eVTOL, um veículo de decolagem e pouso vertical totalmente elétrico e com zero emissões, está sendo desenvolvido para entrar em operação em 2026.
Em outubro, a Assembleia Geral Anual da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA – International Air Transport Association) aprovou uma resolução para a indústria global de transporte aéreo atingir zero emissões líquidas de carbono até 2050.
De acordo com a entidade, com sede em Montreal, no Canadá, este compromisso se alinhará com a meta do Acordo de Paris de que o aquecimento global não exceda 1,5°C.
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.