Dados da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) registraram a movimentação de 658,9 mil ton. de cargas no primeiro semestre deste ano, 7,5% a mais que em 2023. Os relatórios de janeiro a junho/2024 da Associação do Transporte Aéreo Internacional ( IATA ), também apontam aumento de demanda no mercado global de 13,4% pelo transporte aéreo de carga, quando comparado ao mesmo período de 2023.Quais são os fatores que levaram a esta crescente demanda no transporte aéreo de cargas?Zeferino: A pressão do consumidor final por prazos cada vez mais agressivos é constante, influenciando toda a cadeia produtiva. A emergencialidade de cinco anos atrás é a rotina de hoje, na qual cada segundo conta muito neste mercado competitivo e globalizado em que vivemos. Mesmo com custos mais elevados, quando comparado a outros modais, o aéreo tem grande destaque nessa agilidade, desempenhando um papel crucial em muitos países e no Brasil devido às suas vastas dimensões territoriais, economia diversificada e complexa infraestrutura.O que diferencia a logística emergencial B2B da logística convencional?Zeferino: O transporte de carga emergencial e o transporte de carga convencional para empresas diferem significativamente em sua natureza e propósito. O transporte convencional envolve o movimento regular e planejado de mercadorias para atender à demanda previsível do mercado, seguindo rotas e cronogramas estabelecidos. Já o transporte de carga emergencial para empresas é caracterizado pela urgência e necessidade imediata de entrega, geralmente em resposta a uma imprevisibilidade como uma demanda inesperada, uma parada de produção, quebras de máquinas, até um desastre natural ou emergência na área de saúde. Requer uma resposta rápida e flexível, frequentemente utilizando rotas alternativas e alta performance, para garantir que suprimentos críticos como alimentos, água, medicamentos e maquinários cheguem rapidamente ao destino.Quais são os setores ou indústrias que mais demandam serviços de logística emergencial B2B?Zeferino: Setores de alta complexidade produtiva tendem a ser os principais usuários da logística emergencial. Por exemplo, os setores automotivo, farmacêutico, maquinário e agro/alimentício. A indústria da transformação, como um todo, exige muito de sua cadeia logística e qualquer alteração no mix produtivo ou na disponibilidade de matéria prima, acaba demandando uma logística emergencial.Quais as principais vantagens de utilizar o modal aéreo para logística emergencial no transporte de cargas das empresas?Zeferino: O modal aéreo é ideal para cargas de alto valor agregado e baixo volume, cujos os custos mais elevados de transporte podem ser compensados pela rapidez e eficiência na entrega. A velocidade do transporte aéreo permite a implementação eficiente de estratégias como o just in time, na qual a entrega de materiais e produtos pode ser sincronizada exatamente com a demanda, reduzindo assim os custos de armazenamento e mantendo níveis mais baixos de estoque. O modal aéreo também é considerado o mais seguro em termos de controle de carga e monitoramento contínuo durante todo o processo de transporte. As cargas são geralmente rastreadas de perto e há menos chances de danos ou perdas em comparação com outros modais. Permite também acesso a áreas geograficamente desafiadoras ou remotas, onde outros modais podem ser menos práticos ou simplesmente não estão disponíveis.A logística emergencial B2B utiliza exclusivamente o modal aéreo ou outros modais também são empregados?Zeferino: Prioritariamente o modal aéreo, mas outros modais também são utilizados de acordo com as circunstâncias específicas da emergencialidade e das condições logísticas disponíveis. Quando falamos em longas distâncias, sem sombra de dúvidas, o modal aéreo é a melhor opção. Porém, em curtas e médias distâncias, existe a possibilidade de utilizar o rodoaéreo para acessar horários específicos de cada demanda. Quando se trata de emergencialidade, não podemos descartar nenhum modal.Como é o custo-benefício da logística emergencial B2B e que tipo de situação é mais utilizada?Zeferino: Vamos imaginar uma linha de montagem industrial, cujo custo produtivo seja alto. Uma máquina quebra e o parafuso necessário para voltar a funcionar, encontra-se do outro lado do Brasil, custando R$100,00. Neste caso, o valor da mercadoria é irrisório comparado aos prejuízos da produção parada. O investimento na logística emergencial é fundamental nestes casos para manter a indústria operante.Quais tecnologias e inovações estão sendo implementadas na logística emergencial B2B para melhorar a eficiência e a resposta rápida?Zeferino: A logística tem uma alta capacidade de gerar dados durante sua operação com sistemas de gerenciamento de transporte (TMS), rastreamento e monitoramento por GPS, saber aproveitá-los, agregando as novas tecnologias pode ser um fator decisivo na construção de uma logística assertiva. Por exemplo, a Prestex, que está há 22 anos e é referência em Logística Emergencial, realiza uma análise preditiva das demandas recorrentes dos clientes, a fim de migrar a logística emergencial para uma logística de alta performance. Ao longo dos anos, a empresa desenvolveu sistemas de gerenciamento atrelados à IA, que apontam eventuais gaps ou rupturas de processos fundamentais na rotina dos clientes, facilitando a tomada de decisão.A demanda crescente pela logística aérea, muitas vezes emergencial, no transporte de cargas, tem refletido no crescimento das operadoras de logística como a Prestex?Zeferino: Com certeza, um exemplo é o crescimento das contratações. A Prestex, somente neste ano, teve um incremento de 87% nas contratações de colaboradores em relação ao ano passado e a empresa ainda está com vagas abertas, assim como grande parte dos operadores logísticos. Outros dados que refletem o bom momento é o aumento de 33,5% no volume de cargas transportadas pela Prestex e 38,7% no peso taxado (que é a base para o cálculo do frete). Em 2024, a empresa segue com SLA (índice de entregas no prazo) acima de 99%.