Com capacidade para mais de 500 passageiros e anunciado como o futuro da aviação comercial à época de seu lançamento, no início dos anos 2000, o Aibus A380 foi a primeira grande vítima dos céus no início da pandemia. Dezenas de companhias ao redor do globo anunciaram a aposentadoria precoce ou o recolhimento temporário da aeronave de 2 andares. Alto consumo de combustível e emissões, excesso de assentos e a escassez de rotas tornaram óbvia a decisão tomada por executivos das aéreas que investiram no maior avião de passageiros já construído. No Brasil, apenas a Emirates utilizou o A380 entre Doha e São Paulo. Embora na matemática haja prejuízo operacional, em pelo menos uma companhia o A380 se tornou solução forçada para problemas inesperados. A Qatar Airways, que possui 10 desses modelos, anunciou recentemente que voltará a operar com pelo menos 5 Airbus A380 a partir de novembro. Isso porque um de seus principais investimentos estratégicos, a frota de modelos A350XWB (sigla para Extra Wide-Body), foi forçada em agosto a ficar no solo depois que investigações revelaram uma degradação na fuselagem muito mais rápida do que o previsto. "No momento, estamos planejando voar cinco, mas talvez tenhamos que voar todos os dez", explicou Akbar Al Baker, CEO da companhia catariana, que já declarou arrependimento na aquisição dos modelos. Apesar da alegação praticamente unânime de prejuízo operacional entre companhias que utilizam o gigante A380, as três grandes do Oriente Médio tomaram decisões distintas: Na Emirates, a aeronave já voltou a voar. A Etihad enviou seus modelos para o armazenamento. Al Baker já havia anunciado a aposentadoria desses jatos da Qatar, mas voltou atrás. A Airbus entregou 34 aeronaves A350-900 e 19 A350-1000 para a companhia de Doha. A Qatar inclusive foi co-investidora no programa de desenvolvimento do modelo, considerado por Al Baker como um dos substitutos do A380. Outros 40 modelos Boeing 787 Dreamliner também ajudam na substituição do A380. O CEO inclusive participou de vídeos institucionais da fabricante europeia durante a fase de testes do jato. Conhecido pelo estilo de falar sem rodeios, Akbar Al Baker cobrou a Airbus: "Espero que tenham estabelecido a causa e corrigido o problema na fuselagem antes de recebermos qualquer outra aeronave A350".