Controladores de voo: reivindicação por melhores condições de trabalho
Petar Marjanovic - Wikimedia CommonsPraticamentente a metade dos profissionais que atuam na proteção de voo em todo o país busca uma segunda fonte de renda para cobrir seus custos mensais. A informação é do Sindicato Nacional dos Trabalhadores na Proteção ao Voo, categoria que, além dos controladores de voo, conta com meteorologistas, operadores de rádio, profissionais de informação de voo, técnicos de manutenção, entre outros.
"Um levantamento recente que realizamos mostra que 44% dos funcionários dependem de uma segunda fonte de renda para sobreviver", diz Lucas Borba, representante do sindicato.
Em carta apresentada pelo sindicato em reunião com a Sest, a Secretaria de Governança das Estatais, subordinada ao Ministério da Economia, no dia 13 de junho, os profissionais que lidam com proteção de voo reivindicam melhorias nas condições de trabalho para o desempenho de suas funções, consideradas primordiais para a segurança e a proteção de passageiros e tripulantes.
No documento, trabalhadores da empresa NAV Brasil — Serviços de Navegação Aérea S.A., que tem cerca de 1.600 trabalhadores, demonstram sua importância para a segurança de voo no país e os riscos de acidentes aeronáuticos decorrentes da insatisfação profissional, das condições laborais degradadas e dos baixos salários enfrentados por esses profissionais nos últimos anos.
"Os colegas estão trabalhando como motorista de aplicativo ou vendendo quentinhas para complementar renda", reclama Borba.
O dado é preocupante porque esses profissionais deveriam descansar em seus horários de folga, considerando o altíssimo grau de concentração exigido para o bom desempenho das funções.
O cenário tem levado muitos profissionais a buscar uma segunda ou terceira fonte de renda, justamente no período em que eles deveriam aproveitar o tempo de descanso.
A maior parte dos trabalhadores é de civis, mas há ainda cargos comissionados que contam com militares da reserva, principalmente na alta direção.
Durante as negociações para o biênio 23/25, os controladores alegam uma defasagem salarial em relação à inflação dos últimos acordos, conforme imagem abaixo:
Data-base dos profissionais de proteção ao voo
Arte - Sindicato Nacional dos Trabalhadores na Proteção ao VooUma das principais reclamações da categoria se refere ao aumento nos valores descontados do plano de saúde, classificados pelos profissionais como absurdos, que chegaram a quase 40% em alguns casos.
Reduções nos percentuais do pagamento de adicional noturno, férias e horas extras entraram na pauta. A ausência de realização de concurso também é apontada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores na Proteção ao Voo. Desde 2011 não há um processo seletivo para a formação de novos profissionais, segundo a instituição.
A escala-padrão é de 4 dias de trabalho por 1 dia de folga. São turnos de 6 horas, com intervalos de 12 horas entre os turnos. Hoje existem outras escalas, dependendo do horário de funcionamento do órgão e do número de operadores.
"Muitos locais trabalham com o efetivo mínimo ou abaixo disso, o que leva colegas a terem que seguir uma escala com apenas seis folgas no mês", denuncia Lucas Borba, do sindicato.
A defasagem salarial acumulada é de 25% para um período em que a inflação acumula mais de 8,5%, afirma Borba. Nas negociações, a NAV Brasil teria apresentado uma oferta de 3,06% de reajuste, proposta considerada inaceitável pela categoria.
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