Às vezes circulo em lojas de equipamento de segurança para motociclista para observar o comportamento das pessoas. É normal ouvir: vê um capacete baratinho. Mas, ele carrega um capacete top de linha, de alta qualidade. Quem ama cuida, já dizia minha avó. O capacete tem que ser comprado de acordo com o ambiente a se explorar: urbano, turismo ou esportivo.Uma vez em Milão, entrei em uma loja e a vendedora fez uma pergunta que jamais escutei no Brasil: qual o uso que você fará da motocicleta? E me levou para um determinado setor. No Brasil a venda é prioridade, o sujeito tem uma moto esportiva de mais de 70 mil reais e compra um capacete injetado de ABS, exclusivo para ambiente urbano, mas por ter desenho ou fazer alusão a determinado piloto de motovelocidade, pensa estar protegido. Vez ou outra, até usa capacete adequado, mas a garupa tem um capacete com segurança pífio,mas o que importa é a equivocada certificação do INMETRO. Não vejo uma marca sequer, fazer uma orientação, no mínimo, honesta e vide a famigerada Resolução 453/13 em vigor, para garantir, tão somente, a reserva de mercado. Mas, hoje, tratemos do passageiro ou garupa. O passageiro de motocicleta, motoneta e ciclomotores, assim como o condutor ou piloto, só pode ser transportador se utilizar capacete de segurança, tal determinação legal está inserido no artigo 55, do Código de Trânsito Brasileiro. O correto seria, também, a obrigatoriedade do vestuário de proteção, todavia, o inciso III do artigo 55 do CTB, assim como o inciso III, do artigo 54 para o condutor, não foi regulamentado pelo CONTRAN, o que não o torna obrigatório. Caso o condutor leve passageiro ou garupa sem o capacete comete infração gravíssima passível de multa e suspensão do direito de dirigir, além do recolhimento do documento do veículo, nos termos do artigo 244, do CTB. Mesmo que o capacete conste o tipo sanguíneo do condutor ou do passageiro, em caso de acidente é protocolo do socorrista fazer a “tipagem sanguínea” para o tratamento adequado da vítima. Há três modelos de capacetes: fechado, aberto e escamoteável ou basculante, mais conhecido como robocop.O mais indicado é o fechado que protege totalmente a cabeça e o rosto do motociclista. O aberto mantém exposto o rosto e o robocop, dependendo da dinâmica do acidente, pode destravar, abrir e expor o rosto da vítima, trazendo graves consequências. Há ainda, dois tipos de fechos: o automático ou engate rápido e do de argolas em “d”. O mais seguro é de fecho de argolas, que em caso de acidente não abre como pode acontecer com o engate rápido. Há duas construções de capacete: o ABS ou Termoplástico e de fibras sintéticas (kevlar, carbono, fibra de vidro). O capacete com casco de ABS é mais barato porque é possível sua construção em grande escala industrial, enquanto o de “fibras sintéticas” é fabricado um a um manualmente, por isso a diferença de preço. A diferença entre um casco de ABS e outro de fibras sintéticas, está na dissipação do impacto. Para melhor compreensão, nas palestras que realizo, sempre utilizo duas bolas uma de basquete cheia e uma de futsal murcha para pedagogicamente exemplificar as diferenças: o casco de ABS seria a bola de basquete, por essa razão é recomendável seu uso em ambiente “street” ou urbano. É essencial que a cabeça seja medida com uma fita métrica e com base no tamanho do crânio seja escolhido um capacete que fique justo, quase que a ponto de machucar, já que sofrerá um laceamento. Capacete frouxo na cabeça tem o mesmo efeito de um boné ou chapéu na cabeça.Dica: Acesse o site da Sharp, divisão do departamento de Tranportes da Inglaterra, que certifica o capacete de 1 a 5 estrelas. Várias marcas testadas se encontram no mercado brasileiro. Click aqui Por fim, recomenda-se a troca do capacete a cada 5 anos ou em caso de acidente. Minha recomendação é o capacete de uso diário ser substituído assim que ficar largo ou em caso de acidente, já que o estireno (isopor) interno tem efeito-memória. É um material que amassa com o uso normal e não recupera as dimensões originais. Isso significa que o capacete ficará folgado apenas com o uso e deverá ser trocado. Capacete descartado deve ser inutilizado para impedir o reúso por outro motociclista. Não se compra – nem se vende – capacetes USADOS.