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A genética das orquídeas: Descobrindo os segredos da reprodução das flores

Fui desvendar os mistérios da produção dessa flor bela e exótica, que conquista a todos

Mundo Agro|Fabi GennariniOpens in new window


Participar pela primeira vez de uma edição da tradicional feira de flores e plantas da Veiling Market foi uma experiência incrível. Eu, que adoro comprar flores semanalmente para deixar minha casa mais alegre, feliz e em paz, aprendi muito com duas pessoas com um know-how de primeira.

Lá em Itu, como já comentei aqui no blog, levamos todas as orquídeas que compramos ou ganhamos. Elas têm um espaço só delas. Confesso que, na verdade, só ajudo a regar...Vejam só como algumas delas estão...



E falando nas orquídeas, eu tive uma aula com José Antônio Souza e Jeffrey Meijler, sócios da Nederplant.


A empresa está no mercado há um ano e meio, e o foco dela é trazer tecnologia e inovação para o mercado de flores e para o mundo agro. Eles trabalham com alguns breeders, que são os detentores das genéticas lá fora, onde tudo é desenvolvido.

Confira abaixo o meu bate-papo com eles.



Mundo Agro: Vocês “importam” a genética para produzir as mudas aqui no Brasil?

José Antônio Souza: Hoje, trabalhamos com dois breeders: a Labeau, produtora de orquídeas de Phalaenopsis, e a Beekenkamp. Estamos em fase de testes com as begônias, poinsétias (conhecida como bico-de-papagaio) e dálias. Estamos avaliando como essas plantas se adaptam ao clima brasileiro.

Mundo Agro: Além disso, vocês também trabalham com uma empresa voltada para substrato, não?

José Antônio Souza: Sim, substrato é tudo o que é utilizado no cultivo de plantas, legumes, verduras e morangos, especialmente. Ele substitui a terra e pode ser feito de materiais como fibra de coco e turfa de esfagno. Importamos de países como Índia, República Dominicana e Estônia. O substrato é um material inerte, sem pragas ou doenças, o que favorece o desenvolvimento das plantas.

Mundo Agro: Orquídea é tudo igual?

José Antônio Souza: Não, a variedade que trabalhamos aqui é a Phalaenopsis. Existem outras variedades no mercado, mas a Labor, a empresa que representamos, da Holanda, foca apenas na Phalaenopsis. Ela vem em diversas cores, tamanhos e modelos, de acordo com as necessidades do produtor brasileiro.

Mundo Agro: E como funciona essa importação até o momento em que o produto chega para venda?

José Antônio Souza: Importamos as mudas, que chegam em plugs (mudas pequenas). Essas mudas de Phalaenopsis vêm completamente puras de um laboratório, onde são desenvolvidas em ambiente controlado e em vitro. Elas são transportadas de navio até o porto de Santos e, uma vez aqui, o produtor leva em média 1 ano e meio para que elas estejam prontas para venda.

Mundo Agro: A genética das orquídeas é algo novo no Brasil? E lá fora?

José Antônio Souza: A Holanda é pioneira na genética de flores. Praticamente tudo o que é novo vem de lá, pois eles já têm toda a estrutura e experiência para desenvolver novas variedades. Por exemplo, a orquídea azul, que não é naturalmente azul. O processo de tingimento é feito por meio da água que a planta absorve, fazendo com que as pétalas fiquem azuis.

Mundo Agro: O que a orquídea gosta?

José Antônio Souza: Naturalmente, a orquídea cresce em árvores, absorvendo nutrientes das chuvas que escorrem pelos troncos e das flores ao redor. Ela não gosta de sol direto, mas precisa de luz para se desenvolver.

Mundo Agro: Como está o mercado de genética?

José Antônio Souza: O Veiling é um grande termômetro para nós. Além disso, eles realizam estudos de mercado para medir o potencial de cada produto. Muitas flores ainda não estão disponíveis em todo o Brasil, mas sabemos que há um grande mercado em crescimento. É preciso investimento, claro, e a economia precisa se estabilizar para que o mercado aceite mais. O mercado de flores tem nichos com valores agregados, mas está, sem dúvida, em expansão.

Mundo Agro: Flor é importante...

José Antônio Souza: Sim, diversos estudos apontam que as flores trazem alegria e vida para dentro de casa, além de serem essenciais não só como decoração, mas também para o bem-estar.

Mundo Agro: Nesse mercado, se atualizar é fundamental?

José Antônio Souza: Sempre estamos viajando para países como a Holanda, Alemanha e China para ver as novas tecnologias. A Nederplant tem como foco trazer as inovações do mercado internacional para o Brasil.

Mundo Agro: Me diga uma coisa, quanto tempo levou para essa orquídea ficar assim?

Jeffrey Meijler: Seis meses in vitro. A orquídea vem para o Brasil em containers e a viagem demora de cinco a seis semanas. Depois, o produtor local leva mais um ano para ela atingir esse tamanho.

Mundo Agro: Jeffrey, você é holandês e está no Brasil há 7 anos. Me conta um pouco sobre a sua história.

Jeffrey Meijler: A empresa que começou com isso era de meu tio. Meu avô também já era produtor. Quando surgiu a oportunidade de trabalhar com genética e novas variedades, ele iniciou nesse ramo. Faz uns dois anos que ele vendeu a empresa e, agora, ela não pertence mais à família.

Mundo Agro: O mercado brasileiro é promissor?

Jeffrey Meijler: Vemos muitas oportunidades no Brasil, mas também enfrentamos grandes desafios. É o famoso “plantar e semear, e depois ver o que cresce”. A fiscalização é um grande obstáculo, e ainda falta estrutura para lidar com questões como importação. Melhorou bastante, mas ainda há perdas, mesmo quando seguimos tudo corretamente.

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