Os principais estados produtores de cacau no Brasil são: Bahia, Pará, Espírito Santo e Rondônia. O setor gera mais de 200 mil empregos diretos e indiretos, com cerca de 620 mil hectares cultivados.A fábrica de Ilhéus da Cargill tem capacidade produtiva de 80 mil toneladas por ano. A matéria-prima é utilizada em chocolates, biscoitos, bebidas lácteas e até cosméticos.Conversei com Cristina Faganello, vice-presidente sênior e diretora-geral da divisão Food da Cargill, sobre a meta ousada da companhia de ampliar a produção de cacau no Brasil.Mundo Agro: Vamos falar um pouco sobre o cacau. Você comentou que, na década de 1990, o Brasil produzia cerca de 400 mil toneladas de cacau. Mas, com o tempo, houve uma redução e passamos a produzir 200 mil toneladas. A Cargill tem uma meta ambiciosa de voltar a alcançar as 400 mil... É uma proposta ousada, não? Como vocês pretendem atingir esse objetivo?Cristina Faganello: É uma meta ousada, mas nós, mulheres, gostamos de desafios ousados. Já faz alguns anos que estamos trabalhando nisso. Temos analisado toda a cadeia e pensado em como torná-la mais produtiva. Estamos falando desde o desenvolvimento de novas áreas para produção de cacau — inclusive onde antes se dizia que não era possível. Por exemplo, estamos plantando cacau a pleno sol no Cerrado, algo que foi uma mudança de paradigma quando começamos. A primeira questão foi: como podemos nos movimentar com grandes produtores, que já têm conhecimento do mercado agrícola brasileiro — como o de soja e milho — para aumentar tanto a produtividade quanto as áreas plantadas? Queremos sair de uma média de 300 a 400 kg por hectare para uma média de 3 a 4 mil kg por hectare. Parece um sonho, mas, em algumas áreas específicas, acreditamos que é possível. Esse foi nosso primeiro movimento, muito ligado à inovação, tecnologia e visão de futuro. Ao mesmo tempo, estamos olhando para os produtores atuais, que ainda têm uma produtividade mais baixa. Estamos oferecendo suporte técnico especializado, com uma equipe de técnicos que visita essas fazendas e leva informações sobre manejo, colheita, uso da polpa, entre outros aspectos. Isso ajuda não apenas os grandes, mas também os produtores convencionais de cacau a aumentarem sua produtividade. Já temos fazendas parceiras que conseguiram dobrar a produtividade, chegando a 800 ou até 1.000 kg por hectare com sistemas convencionais. Ou seja, é um trabalho contínuo, que já começa a dar resultados.No dia da nossa visita ao Centro de Inovação da Cargill, o chef Luis Nicolette preparou um menu exclusivo com o conceito Do Campo à Mesa. A entrada, chamada “A brasa, o rio, a mata”, foi uma salada de brotos e legumes assados, com bandrade de pupunha ao tucupi e molho de chocolate meio amargo.Mundo Agro: Como foi o processo de criação desse cardápio?Luis Nicolette: Esse é um menu exclusivo que desenvolvemos especialmente para o evento. É a parte que nós, chefs, mais gostamos. Mas, para chegar a esse resultado, passamos por muitas conversas. Existe uma dificuldade em explicar a Cargill como um todo, porque ela está presente em tantas etapas do processo. Desde o desenvolvimento da semente até o produto final que chega ao consumidor. Queríamos trazer uma conexão com o regional, com pratos típicos de diferentes lugares, valorizando o terroir — essa identidade da terra.Mundo Agro: Quanto tempo levou para chegar nesse resultado?Luis Nicolette: Foi um trabalho de aproximadamente um mês, com muita pesquisa e testes, sempre alinhados ao portfólio de produtos da empresa. Eu me considero um apaixonado pela cozinha. Mais do que tudo, a cozinha tem essa parte romântica, artística, mas é também muito técnica. Envolve repetição, treino, exaustão. E, com o tempo, você começa a entender os caminhos e a encontrar atalhos.Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp