Quando você entra em um hortifruti e vê todas aquelas frutas nas gôndolas, consegue imaginar que, para elas estarem ali, saíram do campo com uma embalagem específica para garantir sua conservação e frescor?Pois bem, muitas dessas frutas usaram embalagens de papelão. Mas para onde vai esse papelão depois? Ah… ele será reciclado e, então, vai embalar novamente um novo alimento: a fruta.A Trombini, uma das maiores empresas do setor, produz chapas e caixas de papelão ondulado, além de sacos de papel multifoliados. Toda embalagem produzida por eles para os mercados nacional e internacional é reciclável.Entre todas as ações sustentáveis que realiza, o propósito da companhia é sempre criar uma cultura de responsabilidade ambiental. Em Farroupilha, no Rio Grande do Sul, no ponto de coleta da Ecotenda, eles recebem diversos tipos de materiais, como papéis, plásticos, vidros e pequenos eletrônicos. Além disso, eles mantêm uma parceria com a Cooperativa Paz e Bem, de Caxias do Sul, que garante a destinação correta dos resíduos.Cerca de 800 mil pessoas trabalham na coleta de resíduos no Brasil, segundo o Movimento Nacional de Catadores de Recicláveis.O Mundo Agro conversou com Plinio Bassi, gerente de vendas da Trombini Regional Sudeste, durante a Fruit Attraction SP, feira realizada nesta semana na capital paulista.Mundo Agro: O papelão é reciclável. Como transformá-lo, então, em uma embalagem sustentável?Plinio Bassi: O papelão, por excelência, é uma embalagem sustentável. Somos a maior recicladora de papéis para embalagens no Brasil. O país recicla mais de 90% do papelão, ficando atrás apenas do alumínio. Então, o papelão é, por si só, uma embalagem reciclada e reciclável. Nem tudo é reciclável, mas o papelão é totalmente reciclável. Na nossa cadeia, ele é uma embalagem fácil de manuseio, de transporte, com alto apelo de reciclabilidade e é gigante na economia circular.Mundo Agro: Então é um ciclo: vocês produzem a embalagem e ela volta para vocês para ser transformada em um novo produto. Quais os cuidados, então, para essa nova embalagem?Plinio Bassi: Por trás disso, há toda uma cadeia de controle dos materiais e de onde eles vêm. Existe uma demanda por parte das empresas, pois o consumidor, na outra ponta, também está mais exigente. Percebemos, em algumas situações, tanto aqui quanto fora, que alguns consumidores mais jovens estão até dispostos a pagar um pouco mais por um produto que eles sabem ser amigo do meio ambiente. O papelão é, por si só, uma embalagem amiga do meio ambiente.Mundo Agro: O papelão reciclado vem de quantas cooperativas?Plinio Bassi: Trabalhamos com cinco cooperativas. Nosso material é comprado de fornecedores certificados, mas também temos ações de apoio perto das fábricas para a coleta de material e para apoiar pequenos cooperativos, incentivando as pessoas a se cooperarem e agregar valor ao negócio delas.Mundo Agro: Foi a primeira vez como expositores na Fruit Attraction São Paulo. Qual o balanço que você faz da participação?Plinio Bassi: Eu visitei a feira na Espanha três vezes como visitante. Quando a feira veio para o Brasil, no ano passado, já não conseguimos participar, então fomos apenas como visitantes. Mas, este ano, sabíamos que precisávamos estar lá. Ficamos muito surpresos e felizes com o evento. Muitos dos nossos clientes estavam lá, então foi uma ótima oportunidade para conversarmos com eles.Mundo Agro: Foi possível projetar alguma previsão de vendas?Plinio Bassi: Fizemos muita prospecção. Muita gente procurou nossa empresa, querendo comprar caixas e buscar alternativas de fornecimento. Então, ficamos muito satisfeitos com o evento.Mundo Agro: O mercado de embalagens para frutas e hortifruti deve crescer nos próximos anos? Qual a previsão para o setor em 2025?Plinio Bassi: O mercado tem muito a crescer no setor hortifruti, pois ainda há o uso de madeira e plástico. O setor de papelão no Brasil está crescendo acima do PIB, o que é um bom sinal, pois tudo precisa de embalagem. Hoje, 90% do que está nas gôndolas dos hortifruti foi embalado com papelão.Mundo Agro: Como está a mão de obra no seu setor? Sabemos que vocês investiram R$ 350 milhões na nova fábrica em Fraiburgo, Santa Catarina. As operações e a automatização irão ampliar em 36% a capacidade de produção da companhia.Plinio Bassi: No nosso negócio, a mão de obra é muito importante, mas também há níveis de automação. Nossa fábrica em Fraiburgo, SC, que é a mais nova do Brasil, já trabalha com 80% da fábrica automatizada.