O consórcio no Brasil movimenta mais de R$ 50 bilhões por ano, com destaque para o agronegócio. Estima-se que cerca de 20% do volume de crédito no país seja destinado a este setor, segundo a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC). O levantamento também apontou que o consórcio de máquinas e equipamentos representou cerca de 25% do total no Brasil. O consórcio é uma opção segura e uma certeza para planejar aquisições.O Mundo Agro conversou com Guilherme Carrasco, vice-presidente da Ademicon, uma das empresas que atuam no setor agropecuário.Mundo Agro: Com a suspensão do Plano Safra e a liberação de R$ 4 bilhões, a situação dos produtores segue sem boas perspectivas, sem falar na alta dos juros. Como um consórcio pode ajudar?Guilherme Carrasco: Acredito que o consórcio se apresenta como um forte aliado para o planejamento financeiro de médio a longo prazo. Embora pareça que o produtor seja imediatista, ele não é. Ele espera que o tempo esteja a seu favor. Quando se fala em busca por eficiência (custo x benefício), o consórcio acaba sendo uma escolha. A partir dessa solução, o produtor pode fazer a compra planejada de maquinários modernos e outros itens, ou ainda investir em infraestrutura, o que ajuda no aumento da produtividade e reduz as despesas com a produção, gerando aumento na lucratividade. Com o consórcio de imóveis, por exemplo, o crédito pode ser utilizado para a aquisição de propriedades rurais, construção de galpões, silos e outras instalações. Também é possível, por meio do produto, adquirir veículos pesados para escoamento das safras ou investir na aquisição de drones, equipamentos de segurança e de geração de energia.Mundo Agro: A empresa atua há quantos anos com consórcio voltado para o Agro? Tem uma boa adesão? Seria possível estimar quantos % aderem ao consórcio?Guilherme Carrasco: A Ademicon já atua com o agronegócio há alguns anos e vem fortalecendo cada vez mais essa frente. Prova disso é o projeto dedicado Ademicon pro Agro, no qual buscamos capacitar nosso time de vendas nas particularidades deste setor. Atualmente, o consórcio voltado para o agronegócio representa 17% do nosso negócio, considerando as porcentagens de marcas parceiras como New Holland e Iveco, além do consórcio de veículos e imóveis.Mundo Agro: Quais as opções de consórcio no setor?Guilherme Carrasco: No setor de agronegócio, temos consórcios que se dividem nas categorias de imóveis, veículos e serviços. Dentro dessas opções, existem inúmeras possibilidades de uso, que vão desde a aquisição de terrenos, silos, galpões, aviários e granjas; compra de veículos como tratores, colheitadeiras, máquinas e implementos, caminhões, além de reformas, placas solares e até drones. Em relação às vantagens do produto, podemos destacar principalmente a flexibilidade e versatilidade do consórcio. Em linhas gerais, é uma forma de acessar capital sem juros e sem entrada, com um custo menor. Outros pontos que podem ser levados em consideração são a oportunidade de formar ou aumentar patrimônio, a possibilidade de pagamento de parcelas reduzidas, o poder de compra à vista após a liberação do crédito e a variedade de créditos e prazos, entre outros. Quando falamos de preço, é importante frisar que as parcelas pagas são proporcionais ao crédito contratado. O valor da parcela é composto pela fração do crédito adquirido, pela taxa de administração, que remunera a administradora, e pelo fundo de reserva (quando aplicável).Mundo Agro: Houve um aumento na procura pelo serviço desde a suspensão do Plano Safra? Se sim, de quanto e qual a expectativa de aumento?Guilherme Carrasco: A suspensão de novas contratações de financiamentos do Plano Safra 2024/2025 ocorreu em fevereiro. Ainda é pouco tempo para colhermos dados concretos, mas a expectativa é de que os produtores busquem outros meios e mecanismos para investimento no setor. E é aí que entra o consórcio, como uma opção segura, versátil e aliada ao planejamento financeiro.Mundo Agro: Como está o setor de consórcios no Brasil? É bom para quem escolhe e para quem atua? Como escolher um consórcio? Como o consumidor ou produtor pode apurar se ele é seguro, está regularizado etc.?Guilherme Carrasco: O mercado de consórcios no Brasil apresenta perspectivas muito positivas para 2025, impulsionado por tendências econômicas e mudanças no comportamento do consumidor. A busca por soluções financeiras mais sustentáveis e acessíveis deve continuar a atrair novos consorciados, especialmente diante de um cenário de juros ainda elevados. Além disso, espera-se um aumento expressivo na procura por consórcios no setor agro, em razão da crescente demanda por maquinário e equipamentos agrícolas. Produtores rurais têm reconhecido o consórcio como uma ferramenta estratégica para modernizar suas operações sem comprometer o fluxo de caixa. Outro destaque é a expectativa de crescimento no segmento imobiliário, especialmente após mudanças como as anunciadas pela Caixa Econômica Federal, que tornam o consórcio ainda mais competitivo. Esses fatores influenciam tanto quem atua com o consórcio quanto quem se beneficia dele como consumidor.Quando se trata da segurança e da regularidade ao escolher um consórcio, é importante verificar se a administradora é fiscalizada pelo Banco Central. De qualquer forma, o consórcio é uma modalidade simples e segura. Desde 2008, o setor é regulado por uma lei própria (Lei 11.795), o que traz segurança para os consorciados. Além disso, as administradoras de consórcio passam por um rigoroso processo de autorização e fiscalização constante do Banco Central. Também é necessário conhecer o funcionamento da modalidade, e, para isso, a ajuda de um consultor especializado da administradora, que entenda as necessidades particulares de cada consumidor, pode fazer toda a diferença no momento de decidir por esse investimento.