A Polícia Federal cumpriu nesta quinta-feira (24) 44 mandados de busca e apreensão em Campo Grande, Brasília, São Paulo e Cuiabá. A operação, deflagrada após decisão do ministro Francisco Falcão, ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), investiga o envolvimento de desembargadores de diversos estados do país na suposta venda de decisões judiciais.O blog teve acesso, com exclusividade, às 120 páginas da decisão de Falcão. Além dos mandados de busca e apreensão, o ministro derrubou os sigilos fiscais e bancários dos investigados e afastou do exercício das funções públicas cinco desembargadores do TJMS (Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul). São eles: Vladimir Abreu da Silva, Alexandre Aguiar Bastos, Sideni Soncini Pimentel, Sérgio Fernandes Martina e Marcos José de Brito Rodrigues.Também foram afastados o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul, Osmar Domingues Jeronymo, e o servidor do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, Danillo Moya Jeronymo, sobrinho de Osmar, pelo prazo inicial de 180 (cento e oitenta) dias.A decisão também proíbe o acesso dos servidores às dependências do TJMS e qualquer contato dos investigados com funcionários do tribunal.Para investigadores, Andreson de Oliveira Gonçalves atua como uma espécie de lobista do judiciário. Andreson é empresário, tem 45 anos e mora em Cuiabá, mas é em Brasília que mantém uma casa em um bairro de alto luxo, o Lago Sul, onde supostamente negocia sentenças de causas que vão parar no Superior Tribunal de Justiça.O lobista é sócio-proprietário das empresas Florais Transportes e Florais Taxi Aéreo, cujos endereços também foram alvo das buscas da Polícia Federal nesta quinta-feira.É em nome dessas empresas que algumas transações chamaram a atenção do COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). Foram transações para um advogado chamado Felix Jaime, no ano de 2017, que ultrapassaram R$ 1 milhão. Grande parte do valor foi sacada em espécie.Felix Jaime é investigado por intermediar pagamentos a desembargadores por supostas decisões vendidas.Os mandados cumpridos hoje contra Andreson são de âmbito de uma investigação que corre sob sigilo em Mato Grosso do Sul, mas o lobista também é investigado em um inquérito que corre sob o mais absoluto sigilo no Supremo Tribunal Federal (STF).A apuração é sobre repasses financeiros a um ministro do STJ, portanto com foro privilegiado. Andreson de Oliveira teria repassado quantias muito grandes de dinheiro a um intermediário que, por sua vez, teria transferido para a conta de um ministro da corte superior.Pela manhã, o blog tentou entrar em contato diversas vezes com a defesa de Andreson, mas não obteve resposta. O TJMS também não respondeu o contato sobre os desembargadores e o servidor que foram afastados.