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O que é que eu faço Sophia

Um dia no cheque especial 'come' 2 meses da renda da poupança

Juro do cheque especial são 67 vezes maiores do que o da caderneta, diz planejador; veja 3 passos para sair dessa dívida

O que é que eu faço Sophia|Sophia Camargo, do R7 e Sophia Camargo

Dever no cheque especial é péssimo negócio para o bolso
Dever no cheque especial é péssimo negócio para o bolso

Usar o dinheiro do cheque especial, ainda que por um dia, é um péssimo negócio para o seu bolso. O juro pago em 24 horas nessa linha de crédito equivale ao rendimento de dois meses da poupança, calcula o planejador financeiro Caio Henrique Alberconi, da consultoria ParMais.

Mesmo com as novas regras estabelecidas para o crédito no cheque especial — que fixaram os juros no teto de 8% ao mês, o equivalente a 151,8% ao ano —, ficar endividado no cheque especial ainda significa perder muito dinheiro, já que o desequilíbrio entre a remuneração para o investidor e os juros cobrados dos devedores é muito grande.

A taxa de juros básica da economia, a Selic, está em 2% ao ano. E a poupança rende 70% dessa taxa, ou 1,4% ao ano, o equivalente a 0,12% ao mês. Bem distante, portanto, dos 8% ao mês do cheque especial.

Leia também: Entenda por que investir na poupança te faz perder dinheiro


“Quando comparamos a diferença ao dia, constatamos que, em termos de taxa, os juros do cheque especial são 67 vezes maiores que os juros que remuneram a poupança”, afirma o planejador.

“O brasileiro tem a falsa impressão de que compensa ficar com o dinheiro parado na poupança e, ao mesmo tempo ter dívidas, seja a dívida do cheque especial ou de um financiamento. Mas é ilusão, uma vez que a taxa de juros cobrada no Brasil é muito alta”, diz.


Mesmo a taxa de juros de um financiamento de imóveis, que hoje está em cerca de 8% ao ano, ainda assim é muito superior aos 1,4% do rendimento da poupança. Até mesmo a taxa de um empréstimo consignado, que está em 2% ao mês, é muito superior à taxa de remuneração da poupança, de 1,4% ao ano, afirma o planejador.

Dívida alta, rendimento baixo

Observe os dados da tabela abaixo e confira o efeito danoso da dívida do cheque especial nas contas.


Vamos supor que alguém tenha um valor de R$ 1.000 na poupança e outra pessoa deva R$ 1.000 no cheque especial. Depois de 30 dias, a poupança terá rendido R$ 1,16, enquanto a dívida do cheque especial já subiu R$ 80.

Dois meses depois, o rendimento da poupança foi de R$2,32, mas a dívida já aumentou subiu R$ 166,40, uma diferença de R$164,08 entre os dois.

Depois de um ano, a poupança terá rendido R$ 14,00, mas a dívida do cheque especial terá aumentado R$ 1.518,17. Ou seja, no total, o aplicador da poupança terá em conta R$ 1.014,00 e o devedor do cheque especial estará com uma dívida de R$ 2.518,17.

3 passos para virar o jogo

Como sair disso?

PASSO 1 - Estanque o sangramento

Se estiver enrolado com o cheque especial ou cartão de crédito, outra dívida com juros altos, tente trocar a dívida por outra mais barata, como o crédito pessoal. “Uma taxa cara de empréstimo pessoal está em 30% ao ano, cerca de 5% ao mês. É caro, mas já é melhor que os 8% ao mês do cheque especial”, diz o planejador.

Melhor ainda se tiver acesso ao crédito consignado, que custa cerca de 2% ao mês. “Mas lembre-se de que esta não é a solução definitiva, só serve para estancar o sangramento."

PASSO 2 – Entenda por que está se endividando

O segundo passo é entender qual é a raiz do problema, o que está levando a gastar acima das possibilidades.

É preciso sair desse ciclo vicioso e equilibrar o seu fluxo de caixa, ou seja, não gastar mais do que ganha.

As despesas precisam ser proporcionais à receita.

"Se consumir mais do que ganho no mês vou estar sempre no negativo, até chegar o momento em que terá o nome sujo o que piora ainda mais a situação, porque se verá sem crédito.”

PASSO 3 – Forme sua reserva de emergência

Assim que estancou o problema e equilibrou as contas, o terceiro passo, segundo Alberconi, é montar a reserva de emergência para se proteger de futuros problemas.

“Quitei as dívidas, já comecei a guardar e agora vou poupar, montar a reserva de emergência para que não entre de novo no mesmo ciclo”, diz.

A reserva de emergência, ou colchão de liquidez, deve equivaler a seis meses, em média, das despesas e ser aplicada em um investimento com liquidez imediata, ou seja, que seja possível sacar no mesmo dia, como o Tesouro Selic, um CDB de liquidez diária ou até mesmo a poupança.

“Desse modo, se tiver qualquer imprevisto, não precisará apelar ao cheque especial ou empréstimo”.

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Ainda ficou com alguma dúvida? Envie suas perguntas para a coluna “O que é que eu faço, Sophia?” pelo e-mail sophiacamargo@r7.com.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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