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Hipólita Jacinta, a única mulher que participou ativamente da Inconfidência Mineira

Após 277 anos, lei inscreve o nome da inconfidente no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria

R7 Planalto|Andre Basbaum

Livro de Heróis e Heroínas da Pátria Moisés Nazário/Agência Senado

“O Brasil é um país em que até o passado é incerto.” A frase é atribuída ao ex-ministro da Fazenda Pedro Malan (1995-2002). Eu queria torcer o sentido irônico da sentença e dizer que é bom que seja assim, incerto mesmo. Aliás, ainda bem que sobre o passado existem incertezas. Porque é o trabalho do pesquisador, de “calçar o sapato do morto”, que permite que a gente revisite um tempo e encontre joias raras, histórias que não tinham sido contadas, ou pessoas que não eram conhecidas.

É o caso da Hipólita Jacinta. Nascida em Prados, no Campo das Vertentes, Minas Gerais, em 1748. Hipólita Jacinta Teixeira de Melo. Essa brasileira participou ativamente da Inconfidência Mineira, apesar de o protagonismo dela ter sido ignorado pelos registros.

A mulher da elite de Vila Rica, hoje Ouro Preto, foi fundamental para a comunicação entre os inconfidentes, financiou ações do movimento e usou a própria casa para encontros e reuniões. Foi ela quem escreveu a carta dando notícias da prisão de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, e orientando os conjurados a iniciarem um levante militar.

Agora, 277 anos depois, uma lei assinada pelo presidente Lula inscreve o nome da inconfidente Hipólita no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria (Lei 15.086, de 2024). Seu legado acabou sendo resgatado ao longo de anos graças aos esforços de mulheres empenhadas em revelar a participação feminina na história nacional.


Em 1999, houve a concessão póstuma a Hipólita Jacinta Teixeira de Melo da medalha da Inconfidência, e ela se tornou a primeira mulher a receber tal distinção. Aconteceu no governo do ex-presidente Itamar Franco que governou Minas entre 1999 e 2002. Itamar tinha na época como procuradora-geral do Estado de Minas Gerais a atual ministra do STF, Cármen Lúcia.

A Historiadora da UFMG Heloísa Starling falou ao R7 sobre a importância da decisão. “A Hipólita é ‘desapagada’ da história mais uma vez. Isso tem um valor imenso! Em 1748 ela foi para a cena pública, fez parte de um movimento político fundante da nação brasileira, e o preço que ela pagou não foi a prisão ou a morte. Foi o esquecimento. É pior que a morte. Resgatar Hipólita é pôr a mulher brasileira na cena da História. Isso não é pouca coisa.”

Ouça música em homenagem a Hipólita Jacinta

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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