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Refletindo Sobre a Notícia

Ataque de Datena, fundos eleitorais e o preço da democracia: o que está em jogo?

Acontecimentos recentes reforçam a necessidade de a população se engajar mais no mundo da política

Refletindo Sobre a Notícia por Ana Carolina Cury|Do R7


Todos estão comentando sobre a agressão de José Luiz Datena (PSDB) contra o candidato Pablo Marçal (PRTB) no debate mais recente. A confusão teve início quando Marçal provocou o apresentador, chamando-o de “arregão” e mencionando uma acusação de assédio contra ele. Irritado, Datena reagiu jogando uma cadeira no adversário. A exibição foi interrompida, e Datena foi expulso do evento. Marçal precisou ser levado ao hospital com suspeita de fraturas na costela e dificuldade para respirar, segundo sua equipe. Ele registrou um boletim de ocorrência contra Datena por lesão corporal e passou a noite internado para exames.

Esse episódio ilustra o atual cenário político, e se torna mais uma “cortina de fumaça” para o que realmente importa: propostas e mudanças. O espaço para discussões enfraquece a cada ano, e as agressões verbais e físicas têm aumentado entre os candidatos. Isso desvia o foco e reforça a ideia de que, em vez de solucionar problemas, a política se tornou um circo de embates pessoais.

‘Se precisar dar porrada, eu dou porrada’, disse Datena antes de debate

Fundos eleitorais e a participação pública

Não é apenas para alguns. Todos nós temos o direito — e o dever — de cobrar o que ocorre, principalmente porque grande parte do dinheiro utilizado pelos políticos para se promover vem dos impostos que pagamos. Normalmente eles financiam suas campanhas por meio de dois mecanismos principais: o Fundo Eleitoral e o Fundo Partidário. O Fundo Eleitoral é reservado para os anos eleitorais e cobre despesas como propagandas na TV, materiais de divulgação e eventos. Já o Fundo Partidário é repassado aos partidos anualmente, destinado à manutenção de atividades rotineiras, como pagamento de funcionários e aluguel.

Este ano, foram liberados R$ 6 bilhões em recursos públicos para o financiamento de campanhas eleitorais no Brasil. Desse total, R$ 4,9 bilhões são destinados ao Fundo Eleitoral, enquanto R$ 1,1 bilhão é direcionado ao Fundo Partidário. Além desses valores, também estão permitidas doações de pessoas físicas para apoiar candidaturas.


O problema é que esse dinheiro, que poderia ser investido em setores como saúde, educação ou infraestrutura, acaba indo para campanhas políticas — muitas vezes, beneficiando os mesmos de sempre. Além disso, a fiscalização sobre o uso desses recursos nem sempre é eficaz, o que gera desconfiança e questionamentos. Assim, o Fundo Eleitoral, que deveria equilibrar a competição política, frequentemente é visto como sinônimo de desperdício e corrupção, alimentando a ideia de que a política é um “poço sem fundo” de gastos.



Votar vai além de escolher um candidato Caroline de Souza Machado

Então, quando você ver uma avalanche de propagandas políticas, adesivos e jingles, saiba que parte do seu imposto está sendo usada para isso e, portanto, você pode, sim, cobrar e exigir que a política tenha mais qualidade e eficiência.

Pão e Circo

Será que apenas os políticos e as instituições devem ser responsabilizados? Talvez o problema maior esteja em nossa própria conduta. A falta de envolvimento nas questões comunitárias e na fiscalização dos representantes contribui para esse ciclo de insatisfação e distanciamento.


Quando deixamos de participar ativamente do processo democrático, permitimos que decisões sejam tomadas sem a nossa participação e sem atender aos nossos interesses. Dessa forma, a democracia, que deveria incluir a todos, muitas vezes acaba funcionando contra nós mesmos.

A tal “política do pão e circo”. Na Roma Antiga era uma expressão muito usada para descrever uma estratégia em que líderes proporcionavam comida (pão) e entretenimento (circo) à população para evitar revoltas e manter o controle social, distraindo as massas dos problemas reais e da falta de participação política.

Que deixemos de dar ibope ao superficial. Para isso, cada atitude conta: desde o voto consciente até a participação em discussões públicas e a cobrança por ações que sejam realmente efetivas. Só assim poderemos evitar que a política continue sendo vista como um “poço sem fundo” e, quem sabe, volte ao seu propósito original: servir à população.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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