Estava lendo hoje um estudo desenvolvido pela Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia, onde os pesquisadores do Laboratório de Tecnologia de Interface Humana afirmam que a humanidade tem o desafio e a obrigação de, nas próximas décadas, combater e vencer o racismo contra robôs.
O estudo intitulado Robots and Racism, ou Robôs e Racismo em tradução livre para o português, foi publicado em 2018, e indicou que os tratamentos que os robôs recebem são diferentes, ou seja, variam de acordo com sua cor.
Segundo o cientista, Christoph Bartneck, principal autor do artigo, as pessoas se enxergam nas máquinas humanoides, que falam e interagem como seres humanos. "O viés racista em relação aos robôs negros é resultado do viés racista contra os afro-americanos. Imagine um mundo onde os robôs trabalhando na África ou na Índia são brancos. Agora imagine que esses robôs estão assumindo papeis de autoridade. Isso claramente geraria uma preocupação quanto a questões de imperialismo e superioridade racial. Robôs não são apenas máquinas; eles representam humanos", disse em entrevista.
Estudo mostra que humanos discriminam robôs
Reprodução / VladruEm todas as suas declarações e também em seu site, o Dr. Bartneck mostra que luta pela conscientização do respeito aos robôs. A respeito do tema dessa pesquisa, a solução proposta é conquistar a diversidade racial entre os robôs.
Perigo real
Não é apenas o cientista que se preocupa com a evolução no tratamento dos robôs. Há muito tempo se discute o impacto da relação com os seres humanos. Com o passar dos anos, a interação tem aumentado muito, tanto é que de acordo com uma pesquisa global realizada pela empresa de tecnologia e software Oracle em parceria com a Workplace Intelligence, empresa de consultoria em RH, divulgada em outubro do ano passado, 86% dos brasileiros preferem o atendimento psicológico feito por robôs. A pesquisa também indicou que 82% dos trabalhadores disseram acreditar que as máquinas podem auxiliá-los melhor do que os seres humanos.
O avanço dessa tecnologia é iminente e, apesar de parecer algo revolucionário, também traz preocupações. "O problema começa quando os robôs alcançam a inteligência dos macacos. A partir daí, a coisa fica perigosa. Macacos têm autoconsciência, eles sabem que não são humanos. Nesse momento, teremos de incluir um mecanismo capaz de travar os robôs caso eles tenham pensamentos homicidas", explicou o físico teórico norte-americano, Michio Kaku.
Para o especialista, nós teremos de aceitar a convivência, pelo menos, até o momento em que as máquinas se tornem realmente perigosas. "Elas serão benéficas à sociedade, realizando tarefas básicas muito mais rápido do que os humanos. Mas, daqui a um tempo, devemos começar a nos conectar intelectualmente com as máquinas. E aí teremos de criar 'direitos civis' para os andróides. Os robôs terão de sentir algum tipo de dor, inclusive. Eles terão autoconsciência e saberão, por exemplo, que 'morrerão' caso um humano ordene que eles saltem de um prédio. Novas leis serão criadas especialmente para os robôs", acrescentou.
Especialistas analisam até que ponto a relação de robôs com pessoas pode ser positiva
Divulgação"Novo" mundo?
Há um consenso entre especialistas de que, com a ascenção da tecnologia, as informações passaram a se deslocar em uma velocidade muito intensa, de maneira jamais vista na história da humanidade.
Assim, com os avanços do conhecimento e da ciência, aliados aos interesses políticos e empresariais, a Inteligência Artificial e os robôs estão ganhando cada vez mais espaço na sociedade. E a internet 5G poderá revolucionar ainda mais essa realidade artificial.
Isso pode ser ótimo em um primeiro momento. Só que, com o passar do tempo, a tendência é que as pessoas fiquem cada vez mais dependentes da tecnologia no dia a dia. E para o físico Stephen Hawking, que dependeu da tecnologia para conseguir sobreviver com a doença que tinha, a ELA (esclerose lateral amiotrófica), há muitos riscos que os robôs podem proporcionar a humanidade. Anos antes de sua morte, ele e o empreendedor, Elon Musk, redigiram um documento falando a respeito da importância de existirem pesquisas sérias sobre assunto.
"O advento de uma IA super-inteligente seria a melhor e a pior coisa a acontecer para a humanidade. O risco não é ela se tornar maliciosa, mas o seu excesso de competência. Uma super-inteligência será extremamente boa em cumprir seus objetivos, e se esses objetivos não estiverem alinhados com os nossos, estaremos em apuros", disse Hawking.
Vale a reflexão. Afinal, uma máquina pode ajudar muito, mas se ela realizar um objetivo que não é o correto, ou para o bem, poderá se tornar uma grande inimiga da raça humana, muito mais poderosa que nós mesmos.
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