Entre Nunes e Boulos, o do meio: o que os votos nulos, brancos e abstenções têm a dizer sobre o eleitorado
O alto índice de eleitores insatisfeitos revela um cenário de apatia nas escolhas políticas
São Paulo conta hoje com 9,3 milhões de eleitores. Apesar disso, essas eleições bateram um recorde histórico de abstenção. No total, 2,9 milhões decidiram não comparecer às urnas, refletindo uma taxa de ausência de 31,54% – a mais alta já registrada na cidade. Este número é ainda maior que o das eleições de 2020, quando 2,7 milhões de pessoas (ou 30,81% do eleitorado) optaram por não votar.
Também houve um aumento expressivo nos votos em branco e nulos, reforçando o descontentamento popular. Foram 234 mil votos brancos e 430 mil nulos, somando 664 mil votos não válidos. Isso significa que 3,6 milhões de eleitores, cerca de 38,7% do total, não escolheram entre o atual prefeito reeleito Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL).
Esse cenário revela algo alarmante: o número de abstenções e votos não válidos é maior do que os 3,3 milhões de votos recebidos por Nunes. Boulos, por sua vez, acumulou 2,3 milhões de votos, número inferior ao total de abstenções.
Quando falamos do Brasil, os dados também são alarmantes. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no primeiro turno de 2024, 25% dos eleitores não foram votar, consolidando um dos maiores índices de abstenção da história recente.
Sem representação
Esses registros expõem que uma parcela significativa da população, em todo o país, não se sente representada pelo cenário político atual. Em um sistema de voto obrigatório, ver tantos eleitores se ausentando ou votando nulo aponta para uma crise de confiança e uma apatia crescente.
O aumento de votos não válidos e a alta taxa de abstenção ressaltam a necessidade de restabelecer a conexão entre eleitores e a democracia. Para isso, talvez aqueles que se aproveitam do poder para benefício próprio ou de seus partidos precisem colocar a mão na consciência e entender que, para reverter esses votos, será preciso mais do que um discurso bonito. Queremos ver atitudes políticas corretas que reflitam uma boa gestão para o país.
O povo está cansado de ser usado como massa de manobra para conluios. Num futuro próximo, será essencial que o sistema busque formas de engajamento mais eficazes, que reativem a participação e devolvam ao eleitor o sentimento de ser efetivamente representado. Afinal, 2026 está logo ali.
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