No domingo, o Google alterou o logo do site para homenagear o 100º aniversário do educador e pedagogo pernambucano, Paulo Freire. Além disso, vários elogios a ele viralizaram nas redes sociais e até mesmo um seminário para comemorar sua existência aconteceu hoje na Câmara dos Deputados. Ao mesmo tempo, outras autoridades, especialistas e jornalistas criticaram tais atitudes. O sociólogo especialista em educação e política, Thiago Cortês, afirmou que tem a convicção de que apenas quem não leu Paulo Freire é capaz de falar dele como uma referência séria em educação. "Freire é contra a premissa básica da educação que é a de transmitir conhecimento a alguém que não o tenha. Ele entende isso como 'educação bancária' – transferir conhecimentos seria uma forma 'opressora' de educar. (...) O mais grave, contudo, é que o incentivo para a quebra de hierarquia criou o clima no qual os professores se conformaram com o desrespeito".Linha ideológica Conhecido como patrono da educação no Brasil desde 2012, por meio de uma lei sancionada pela então presidente Dilma Rousseff, Paulo Freire influencia, desde os anos de 1960, a formação dos professores e as teorias educacionais desenvolvidas no Brasil. Freire criou uma metodologia de ensino que conecta o professor ao cotidiano do aluno. Em seu livro mais conhecido, A Pedagogia do Oprimido (1974), ele ressalta que a educação é atitude política que liberta as pessoas por meio de uma "consciência crítica, transformadora e diferencial, que emerge da educação como uma prática de liberdade". Apesar de ter sido um grande influente e suas preocupações serem legítimas, há uma questão importante que muitos desconhecem: Freire tinha suas referências pautadas no marxismo, assim, suas obras não podem ser consideradas neutras, politicamente falando. Em A Pedagogia do Oprimido (1974), há diversas menções a líderes de esquerda como também a revoluções comunistas. E não para por aí, quando foi Secretário de Educação de São Paulo na gestão da então prefeita, Luiza Erundina (1989 a 1991), deixou ainda mais claro que suas ideias estavam alinhadas a esquerda radical. Ou seja, é só ler um pouco para entender que a formação educacional do Brasil é de esquerda, em que o "nós contra eles" é ensinado desde a infância. A questão é que, dessa forma, do jeito que está, não está funcionando. Basta ver os péssimos resultados do Brasil no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) e no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês), por exemplo, para constatar a falência do ensino. Dois terços dos brasileiros de 15 anos sabem menos que o básico de matemática. Segundo dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), um em cada quatro alunos do 2º ano do ensino fundamental não sabe escrever de forma correta uma palavra de três sílabas a partir de um ditado e uma em cada cinco crianças, quando chega ao fim do 3º ano do ensino fundamental, não consegue ler uma frase inteira. Ao mesmo tempo, o Brasil tem gastos exorbitantes com universidades. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o país está na 16ª posição de um total de 39 países e gasta, em média, R$ 59 mil ao ano por cada aluno na universidade.Reflexão Qual o sentido de se investir tanto no ensino superior enquanto a educação básica segue tão ruim, além do investimento ser bem menor? O Brasil gasta anualmente R$ 19 mil por aluno do primeiro ciclo do ensino fundamental (até a 5ª série). Para mudar essa realidade é preciso que haja, de fato, uma revisão dos gastos e da formação dos docentes e dos alunos. Além disso, é essencial entender que tanto no ensino básico quanto no ensino superior se faz necessário que as pedagogias tenham como base a ciência (pautada em evidências) e não ideologias que buscam influenciar politicamente as crianças. Enquanto a educação em nosso país for pautada por métodos que seguem a teoria marxista o resultado seguirá desanimador. Por isso, é preciso que haja menos politicagem e mais neutralidade.