Mãe vai à Justiça para deixar de sustentar filha de 22 anos que não trabalha
Caso levanta debate sobre até onde vai a responsabilidade dos pais em relação aos filhos adultos

Recentemente, uma decisão judicial na Argentina chamou atenção ao liberar uma mãe da obrigação de sustentar a filha de 22 anos, que não trabalha nem estuda. A jovem estava matriculada na Universidade Nacional do Rio Negro desde 2020, mas completou apenas 11% do curso até o momento.
O juiz decidiu a favor da mãe, entendendo que, segundo a lei do país, embora os pais tenham a obrigação de sustentar os filhos até os 25 anos, isso se aplica apenas quando eles estão estudando ou se capacitando para o mercado de trabalho.
Situações semelhantes também ocorrem no Brasil. Segundo um relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o país ocupa o segundo lugar no ranking de jovens de 18 a 24 anos que não estudam nem trabalham, ficando atrás apenas da África do Sul.
Aqui os pais têm o direito de solicitar judicialmente a exoneração da obrigação de sustento de filhos maiores de idade, desde que comprovem a capacidade dos filhos de se sustentarem.
Em 2001, por exemplo, um juiz de Iguape (SP) autorizou uma mãe a expulsar de casa seu filho maior de idade, que a ameaçava e não queria assumir responsabilidades.
Problema comum
Esse caso reflete dilemas cada vez mais presentes em muitas famílias. O papel dos pais sempre foi o de prover e orientar, mas onde começa o dever dos filhos em construir sua independência? A transição para a vida adulta é, por natureza, repleta de desafios, mas, sem dúvida, exige que se aprenda a assumir as rédeas da própria vida.
É claro que cada pessoa tem seu ritmo e enfrenta obstáculos únicos, e os pais devem sempre buscar, com sabedoria, auxiliar seus filhos, e vice-versa. Afinal, o tempo, a independência emocional e financeira são pontos essenciais para o desenvolvimento pessoal.
Talvez o mais importante não seja a exigência de autonomia imediata, mas sim o incentivo ao comprometimento, para que, aos poucos, a juventude abrace a ideia de que suas escolhas têm peso e que o apoio dos pais, por mais essencial que seja, não é ilimitado.
O equilíbrio entre apoio e limites pode ser o segredo para criar relações familiares mais saudáveis e para o amadurecimento dos jovens em direção a uma vida feliz. Como diz um pensamento oriental famoso: “Homens fortes criam tempos fáceis e tempos fáceis geram homens fracos, mas homens fracos criam tempos difíceis e tempos difíceis geram homens fortes”.