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Refletindo Sobre a Notícia

Mais votados: pais de Isabella Nardoni e Henri Borel transformaram a dor em luta por justiça?

Ana Carolina Oliveira (Podemos) e Leniel Borel (PP) agora representam a população nas câmaras municipais de São Paulo e Rio de Janeiro

A eleição de Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella Nardoni, e Leniel Borel, pai de Henry Borel, como dois dos vereadores mais votados em São Paulo e no Rio de Janeiro, respectivamente, levanta uma questão importante: ao votarem neles, estariam os brasileiros buscando um caminho para a justiça?

Ambos trouxeram a defesa dos direitos infantis como prioridade em suas campanhas. Ana Carolina Oliveira foi a segunda candidata mais votada para o cargo de vereadora em São Paulo, com 129.292 votos. Durante sua campanha, destacou ações em defesa das crianças, mulheres e pessoas em situação de vulnerabilidade. Leniel Borel, por sua vez, foi eleito vereador no Rio de Janeiro com 34.359 votos, sendo o 8º candidato mais votado na cidade, conforme os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

É fundamental reconhecer o impacto dessas tragédias tanto para os familiares quanto para quem acompanhou os casos. Os assassinatos de Isabella Nardoni, em 2008, e Henry Borel, em 2021, não apenas chocaram o país por sua brutalidade, mas também expuseram a sensação de injustiça.

Eleitos nas duas maiores cidades do país, Ana Carolina e Leniel trazem reflexão sobre justiça Divulgação

Em 2008, Isabella, de apenas cinco anos, foi assassinada ao ser jogada da janela do 6º andar do prédio onde viviam seu pai, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Anna Carolina Jatobá, ambos condenados pelo crime. Já Henry, com quatro anos, morreu em março de 2021 na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. As investigações apontaram o então vereador Doutor Jairinho e a mãe do menino, Monique Medeiros, como responsáveis pelo assassinato.


Foram crimes que expuseram a fragilidade de qualquer família. Afinal, em quem podemos confiar nossos filhos? E até que ponto essa confiança pode ser quebrada de maneira tão trágica? Nesse cenário, a entrada de Ana Carolina e Leniel na política é uma reação a essas duras realidades, além de um lindo exemplo de como podemos transformar nossas experiências em força para ajudar o próximo.

Do Luto à Luta


Na minha opinião, tudo isso representa mais do que uma “bandeira política”, personifica o luto público, o trauma compartilhado e a vontade de ver mudanças concretas em um sistema que falhou. Uma conexão emocional direta com o eleitorado, que os vê como figuras de resiliência, perseverança e luta por direitos. Mas será que esse é um novo jeito de “fazer justiça”? Em parte, sim. Afinal, a política serve para lutar por ela, pelos nossos direitos e melhorias. Então, quando se vota em pessoas como Ana Carolina e Leniel há também uma afirmação clara de que a dor deve ser ouvida e respeitada.

Por outro lado, é importante refletir sobre os limites dessa justiça. A eleição deles não repara as tragédias, não devolve as vidas perdidas, mas abre espaço para discussões e mudanças significativas na proteção das crianças e no sistema judiciário.

Ao elegê-los, os brasileiros estão dizendo que não querem que essas histórias sejam esquecidas e desejam que o sistema mude para prevenir novos crimes como esses. Essa eleição mostra que o luto pode, sim, ser transformado em força política. É uma maneira de canalizar a dor e a revolta para algo construtivo, na esperança de que outros não precisem passar pelo mesmo sofrimento. Se isso trará resultados concretos e mudanças reais, só o tempo dirá. Mas, certamente, é uma mensagem poderosa de que a sociedade não está indiferente à dor do próximo.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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