Cássio e Fagner se tratam como ‘irmãos’.As famílias são muito próximas, amigas.A convivência começou cedo, na fria Holanda, quando os dois não se firmaram no PSV.Viraram reservas em 2008, quando o lateral foi vendido ao Vasco.Se reencontraram profissionalmente no Corinthians em 2014.Além de titulares absolutos, assumiram a liderança do elenco.Chegaram juntos à Copa do Mundo de 2018.Ganharam juntos os Brasileiros de 2015 e 2017.Mais o tricampeonato Paulista de 2017, 2018 e 2019.Tiveram seus auges.Foram capitães do time.Sendo fundamentais tanto em conquistas como na sustentação de treinadores, quando o time enfrentava crises.Os dois, com coragem, não se negavam a dar entrevistas nas vitórias e nas derrotas.Nem fugiam, quando as várias diretorias que passaram pelo Parque São Jorge exigiam encontros com chefias de organizadas.Para dar satisfação, explicar os motivos de derrotas.Nos últimos anos passaram a ser questionados, criticados, perseguidos.Pela imprensa, torcida.E tiveram de enfrentar a covardia de ameaças com perfis falsos de Internet, que atingiram até seus filhos.Cássio, aos 36 anos, personificou toda a crise que o Corinthians viveu no início do ano passado.E mudou de ideia sobre se aposentar no clube.Decidiu ir embora.Foi para o Cruzeiro em maio do ano passado.De Belo Horizonte acompanhou Fagner perder prestígio com a mídia paulista.Com Ramón Díaz.Os tempos de idolatria também ficaram para trás.E seus 35 anos e mais o excesso de faltas, de entradas duras, viraram o foco de 2024.Os cartões amarelos se tornaram constante.Assim como o fraco aproveitamento.Não marcou um gol sequer nesta temporada.Deu cinco assistências.Sua personalidade forte e liderança garantiram uma questionada renovação de contrato até o final de 2027.Por R$ 720 mil mensais.Mas Ramón Díaz, insatisfeito com o rendimento, fixou Matheuzinho, com menos recursos técnicos, como titular.Ou atuar com três zagueiros, o deixando fora.Ficou no banco na excepcional recuperação do Corinthians na fase final do Brasileiro.Foi esquecido nas partidas decisivas da Copa do Brasil e da Sul-Americana.Estava mais do que claro que passou a ser mero reserva de luxo.Fagner e Cássio seguiram conversando.O goleiro cruzeirense levou a insatisfação do amigo à direção.Wesley Gasolina foi dispensado.O único lateral direito da equipe mineira é o inconstante Willian.Fernando Diniz aprovou o nome do veterano atleta de 35 anos.O lateral também percebeu o desgaste, depois de 11 anos no Corinthians.E aceitou ir para Belo Horizonte.A princípio a negociação é por empréstimo.Até o final de 2025.Com o Cruzeiro bancando 55% dos salários.Os outros 45% seguem com o Corinthians.No final de 2025 haverá a avaliação da compra ou não do atleta.Os detratores de Fagner apontam os números recentes de violência do jogador.2024: 41 jogos / 12 cartões amarelos - 0,29 por jogo2023: 57 jogos / 16 cartões amarelos - 0,28 por jogo2022: 43 jogos / 9 cartões amarelos - 0,20 por jogo2021: 47 jogos / 11 cartões amarelos - 0,23 por jogo2020: 52 jogos / 10 cartões amarelos - 0,19 por jogo2019: 59 jogos / 17 cartões amarelos - 0,28 por jogo2018: 47 jogos / 12 cartões amarelos - 0,25 por jogo2017: 53 jogos / 14 cartões amarelos - 0,26 por jogo2016: 56 jogos / 12 cartões amarelos - 0,21 por jogo2015: 48 jogos / 13 cartões amarelos - 0,27 por jogo2014: 53 jogos / 12 cartões amarelos - 0,22 por jogo.“Me incomoda me rotularem de violento e desleal.“Futebol é contato físico. Tenho 1,68.“Como vou marcar um cara de 1,90?“Falando ‘dá licença, por favor?’“É meu prato de comida, não vou tirar o pé”, definiu em entrevista para a ESPN/Brasil.Mas mesmo assim, o Cruzeiro decidiu fazer a aposta.Com o aval de Cássio, Fagner chega a Belo Horizonte para tentar mudar sua imagem.Sua trajetória no Corinthians foi marcante.Mas chegou ao final.Com dignidade...