Sempre brinco com meu professor da academia: chego para treinar mal-humorada, e saio pronta para o dia. Mas o fato de melhorar consideravelmente meu humor não é o único benefício do exercício físico. Desde o fim do meu tratamento com quimioterapia, incorporei a atividade física na minha vida. Não é fácil. Principalmente em dias frios como hoje — quando o corpo resiste, a cama chama e o ânimo se esconde. Mas preciso me lembrar de que sou dona da minha mente, não o contrário. E uma nova pesquisa apresentada na ASCO, a maior conferência de oncologia clínica do mundo, me deu ainda mais motivação para continuar.Um programa de exercícios com duração de três anos demonstrou melhorar significativamente a sobrevida de pacientes com câncer de cólon e ajudar a manter a doença sob controle. Os achados são resultados de um experimento internacional, apresentados na reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) e publicados no prestigiado New England Journal of Medicine.Segundo especialistas, os benefícios da atividade física para pacientes oncológicos podem ser comparados, em alguns casos, aos de determinados medicamentos. No estudo, 889 pacientes que haviam recebido quimioterapia adjuvante foram divididos em dois grupos: o primeiro realizou atividades de treinamento físico supervisionadas por profissionais; o segundo recebeu apenas orientações básicas sobre exercícios e saúde.Os resultados são animadores. A sobrevida livre da doença em cinco anos foi de 80% entre os participantes do programa estruturado, contra 74% no grupo de orientações gerais. Em oito anos, a sobrevida global chegou a 90% no grupo que se exercitou com acompanhamento, enquanto o outro grupo apresentou uma taxa de 83%.O oncologista Daniel Musse, que acompanhou o congresso da ASCO em Chicago, nos Estados Unidos, diz que o estudo é revolucionário:“Nós já conhecemos o papel protetor do exercício físico na redução do risco de câncer na população. Isso acontece porque a atividade reduz inflamação, modula o sistema imune – que combate as células cancerígenas – e, claro, reduz o peso.”Ele destaca que os novos dados mudam o patamar da discussão:Com base nesses dados, os pesquisadores defendem que centros de tratamento oncológico e operadoras de saúde considerem a inclusão de programas de atividade física como parte do padrão terapêutico para sobreviventes de câncer de cólon.Sim, levantar da cama nem sempre é fácil. Mas talvez esse seja um dos melhores remédios que temos ao alcance — sem bula, efeitos colaterais ou custo alto.✅Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp