Até 2060 o Brasil contará com 39 milhões de novos idosos acima de 60 anos. Essa faixa etária da população irá mais do que dobrar de tamanho, um salto dos atuais 34,2 milhões para 73,0 milhões, elevando a participação de 16,1% para 34,6% na população total do país.Os brasileiros com mais de 80 anos somarão 18,7 milhões, quatro vezes mais do que os atuais 4,8 milhões e responderão por 8,8% da população total. Os idosos com mais de 90 anos também terão um aumento significativo, passando de 730 mil para 4,1 milhões.Em sentido contrário, a população de crianças até 10 anos seguirá se reduzindo dos atuais 30,5 milhões para 19,2 milhões em 2060. Na mesma toada, a população jovem de 15 a 29 anos também caíra dos atuais 47,3 milhões para 31 milhões até 2060.Atualmente, a relação entre avós e netos é relativamente equilibrada, mas até 2060, as projeções indicam que haja quatro avós para cada neto. Com isso, a procura por companhia está se deslocando para os pets. De fato, no Brasil, existem cerca de 100 milhões de animais de estimação – 70 milhões de cães e 30 milhões de gatos, enquanto há 30,5 milhões de crianças até 10 anos e 34,2 milhões de idosos, distribuídos em 90 milhões de famílias. Isso resulta em uma média de 0,3 crianças por família e 1,1 pets por família. Não surpreende, portanto, que petshops estejam se multiplicando nas cidades. Em um futuro com muitos avós sem netos, a busca pela companhia dos pets só tende a crescer.É fato que as projeções estatísticas são relevantes, mas tão importantes quanto, são as mudanças comportamentais de consumo que acompanham a demografia. Se, de um lado, temos menor número de população infantil e juvenil e maior número de idosos, de outro, temos o consumo disruptivo dos jovens e as necessidades específicas da população que vive mais tempo.É preciso pensar sobre estas mudanças estruturais são desafios que nos levarão a mudar o modo de produzir, de vender e de prestar serviços em diversos setores da economia. Certamente muitos serão beneficiados como todo o segmento de saúde, home care, mobilidade e acessibilidade, turismo, lazer especializado, indústria de alimentos, apenas para citar alguns. Outros setores serão impactados negativamente, seja pela demanda, seja pela falta de mão de obra.Mais importante do que identificar quais setores serão ganhadores ou perdedores, é compreender que a transformação estrutural afetará todos os segmentos da economia.Nesta nova realidade as empresas precisarão desenvolver estratégias para se adaptar à nova realidade demográfica do Brasil. Embora 2060 possa parecer distante, o movimento demográfico já está em curso e continuará a evoluir ano a ano, exigindo das empresas uma compreensão cada vez mais profunda do consumidor e suas transformações.Por fim, quanto tempo leva um projeto para sair do papel até atingir o ponto de equilíbrio? É essencial agir com antecedência. Portanto, é melhor acelerar nossos esforços e garantir que estejamos preparados para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que surgirão em um futuro cada vez mais influenciado pelo envelhecimento da população.Regina Helena Silva Couto é economista com 30 anos de experiência em análise setorial. Atuou na área de pesquisa econômica do Banco Bradesco por mais de 20 anos e dirige atualmente a Consultoria RHCouto.