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Trilha do Agro

Pecuaristas produziram mais leite em julho e agora recebem menos pelo produto

Com aumento de 4,6% na oferta de leite, preço pago ao pecuarista recuou 1,5% em julho, diz Cepea/USP

Trilha do Agro|Valter Puga JrOpens in new window


Print Record News - Hora News - Gripe aviária leite
Produtores de leite sofrem com a baixa nos preços

Entusiasmados com a recuperação dos preços do leite desde o fim do ano passado, os pecuaristas brasileiros investiram em nutrição e aumentaram a oferta de leite cru no mercado. Agora, os produtores amargam o início da queda nos preços, com perspectivas de receberem menos pelo produto no terceiro trimestre deste ano.

Os preços pagos ao produtor rural pelo leite cru entregue aos lacticínios em julho registrou queda real de 1,5% frente a junho, levando a “Média Brasil” a R$ 2,7225 por litro, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, o Cepea da Esalq/USP. Esse valor supera em quase 8% o valor de julho de 2023, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de julho/24).

Melhorou para o pecuarista? Nem tanto. Entre janeiro e julho deste ano, o preço pago ao pecuarista avançou mais de 30% — média de R$ 2,50 por litro. Mas ainda assim o valor está 11,5% inferior quando comparado ao mesmo período de 2023.

Preço cai com o aumento da produção

A queda de preços pagos ao produtor ocorre com aumento da oferta em todo o país. O Índice de Captação Leiteira, o ICAP-L do Cepea/USP, aponta oferta de leite 4,6% maior em julho, com crescimento da captação em todos os estados. Houve aumento de 8% na produção e entrega de leite em Minas Gerais, de 4,7% no Rio Grande do Sul e de 4,1% em Santa Catarina.


“A produção de leite vem se recuperando, devido aos investimentos de pecuaristas em nutrição do rebanho”, explica Natália Grigol, pesquisadora do Cepea/USP. E mesmo que o Custo Operacional Efetivo tenha aumentado 0,62% em julho, a margem bruta do produtor se manteve em alta na “Média Brasil”. Estima-se que a margem bruta do pecuarista tenha avançado 3,93% de junho para julho, passando de R$ 0,82 para R$ 0,85 por litro. E vale explicar: esse resultado considera a “Média Brasil”, calculada pelo Cepea/USP, em parceria com a CNA, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, tendo como referência as propriedades típicas amostradas no projeto Campo Futuro.

Produtos importados

Além do crescimento da produção brasileira de leite, os produtos importados continuam elevando a oferta de lácteos no Brasil. Em junho, houve aumento de 37,4% nas compras externas de produtos lácteos, ou seja, o Brasil importou mais de 251 milhões de litros em equivalente a leite, segundo a Secex, a Secretaria de Comércio Exterior. Essa importação é 35,3% maior que a realizada no mesmo período do ano passado.


As indústrias de lacticínios informam, no entanto, que há dificuldade em garantir margem de lucro nas vendas dos lácteos. Pesquisas do Cepea/USP, apoiadas pela Organização das Cooperativas Brasileiras, a OCB, mostram que em julho o leite UHT (o de caixinha) desvalorizou 5,68%, a muçarela teve preço 2,03% menor e o leite em pó fracionado perdeu 0,25%, o que também teria influenciado negativamente o pagamento pelo leite entregue naquele mês.

“Diante desse contexto, a expectativa é de que o terceiro trimestre seja marcado pelo recuo das cotações do leite cru”, diz a pesquisadora Natalia Grigol. Só uma gestão cuidadosa com custos na fazenda suportará a pecuária de leite nos próximos meses.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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