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Trilha do Agro

Boi gordo tem alta em todas as regiões do país

Pecuarista mais aliviado em julho e o consumidor vai pagar mais pela carne

Trilha do Agro|Valter Puga JrOpens in new window

Os preços do boi gordo voltaram a subir em julho após seis meses seguidos em queda. Uma redução na oferta de animais a pasto provocou a recuperação, segundo pesquisadores do Cepea/USP, que elaboram o Indicador Boi Gordo para a B3, a bolsa brasileira, e têm como referência os negócios em São Paulo. Nesta semana, o preço médio do boi pronto para abate em São Paulo retornou à casa dos R$ 232,00 a arroba, deixando para trás a faixa de R$ 215,00 do início de junho.

O aumento das cotações, no entanto, não fica restrita a São Paulo, mas se espalha “principalmente nas praças interioranas sustentado por uma oferta levemente mais enxuta”, como aponta relatório da consultoria Agrifatto. No Pará, a consultoria registrou -- apenas na quarta feira (17/07) – alta de mais de 1,5% em média nas cotações, com frigoríficos pagando para o pecuarista ao redor de R$ 207,62 a arroba.

Nesta semana, os preços médios do boi gordo subiram em 7 dos 9 estados onde a consultoria Datagro acompanha a evolução das cotações. Pecuaristas recebem em média mais pela arroba do boi em Goiás (R$ 218,63); em Minas Gerais (R$ 220,91); Mato Grosso do Sul (R$ 221,56); Tocantins (R$ 203,32); Mato Grosso (R$ 207,42); Rondônia (R$ 184,49); e, na Bahia (R$ 205,70).

Essa recuperação nos preços traz algum alívio para o pecuarista de corte brasileiro. “Entre os primeiros semestres, tivemos um dos piores dos últimos 20 anos”, lembra o economista Iago Travagini Ferreira, analista de mercado. É que a produção brasileira de carne bovina no primeiro semestre foi recorde (estima-se perto de 5 milhões de toneladas), e estudos indicam que foram direcionados para o consumo no Brasil quase 3,6 milhões de toneladas, ou seja, quase 14,5% a mais que no mesmo período do ano passado.


Exportações evitaram o pior – Os preços pagos pelo boi gordo só não cederam mais no Brasil por conta do aumento das exportações, também recordes. Este ano, o Brasil conseguiu o melhor resultado de primeiro semestre já observado no histórico das exportações de carne bovina. Entre janeiro e junho, os embarques (carne in natura e processada) somaram 1,290 milhão de toneladas, um volume 27,3% maior que no mesmo período de 2023 (1,019 milhão de toneladas).

Se o volume embarcado aumentou mais de 27%, a receita dos exportadores não cresceu tanto. Como o preço da carne recuou no mercado internacional, as vendas totais do semestre renderam US$ 5,69 bilhões, um faturamento 17% maior se comparado ao primeiro semestre de 2023.


Baixa do boi não chegou ao varejo – Durante os primeiros seis meses deste ano, tanto as cotações do boi -- como de outras categorias de animais – cederam com a oferta recorde de carne bovina no período. Cálculos do Cepea/USP baseados em estimativa própria da produção, e em dados do IBGE e da Secex, apontam que o volume de carne disponível no mercado brasileiro de janeiro a junho este ano foi 14,5% maior que o do mesmo período de 2023, atingindo a marca histórica de cerca de 3,6 milhões de toneladas.

Enquanto os preços pagos ao pecuarista caiam nos últimos meses (em janeiro a arroba do boi era negociada a R$ 250,00 em SP), essa baixa não chegava ao varejo. O consumidor brasileiro despende hoje pela carne mais ou menos os mesmos valores pagos em janeiro, exceto por uma ou outra promoção esporádica. E agora deve pagar mais. É que este mês os preços da carne bovina no atacado já reagem por dois motivos: diminuição do volume de animais prontos para abate e sinais de aumento do consumo no país. Se os preços no varejo não caíram antes, não se vislumbra como podem ceder nos açougues e supermercados a partir de agora.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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