Este ano, os pecuaristas recebem mais pelo leite entregue para a indústria. De janeiro para cá o preço pago ao produtor pela indústria de lácteos teve aumento real de 36,4%. Em setembro, por exemplo, o pecuarista recebeu em média mais de R$ 2,86 por litro, ou 3,3% acima do que obteve pelo leite entregue em agosto (números deflacionados pelo IPCA, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Quando comparado ao valor recebido em setembro do ano passado, a alta é de quase 34% e, embora seja um alívio para o pecuarista, ainda há uma defasagem em relação aos valores do ano passado.Segundo pesquisadores do Cepea/USP, comparando o período de janeiro a setembro de 2023 com o mesmo período em 2024, o que o produtor consegue pelo leite ainda tem defasagem de 4,7%, uma vez que este ano, entre janeiro e setembro, em média o preço ao produtor foi R$ 2,58 por litro. Essa valorização do leite cru em setembro ocorre por forte disputa dos laticínios e cooperativas por matéria-prima, já que a oferta cresce pouco com clima mais seco, sobretudo no Sudeste e Centro-Oeste. Como os estoques de produtos lácteos estão abaixo do normal, explicam pesquisadores do Cepea, a indústria precisou remunerar melhor os produtores para conseguir matéria-prima. Deu resultado. O Índice de Captação de Leiteira, o ICAP-L, do Cepea, subiu 8,3% de agosto para setembro.O aumento da captação de leite obtida com aumento dos preços ao produtor pelo leite no campo forçou o repasse desse custo para o consumidor. Em setembro, no mercado atacadista de São Paulo, o preço do leite UHT subiu 7,6%, o do queijo muçarela avançou 2,7% e o do leite em pó aumentou 1,3%, como aponta pesquisa feita com apoio da Organização das Cooperativas Brasileiras, a OCB.“Porém, o movimento altista pode não perdurar por muito tempo”, dizem analistas do Cepea. É esperada maior oferta de leite e um recuo nas cotações dos derivados e do leite “spot” a partir da segunda quinzena de outubro, cujos dados somente serão apurados em novembro. Se a oferta de leite crescer, como se espera, os preços pagos ao pecuarista pelo leite entregue em outubro podem ceder.