Copom deve anunciar alta de 0,75 ponto percentual na Selic nesta 4ª
Estimativa é de analistas do mercado financeiro, que acreditam que a taxa básica de juros subirá ainda mais até o fim do ano
Renda Extra|Márcia Rodrigues, do R7
O Copom (Comitê de Políticas Monetárias) do BC (Banco Central) divulga nesta quarta-feira (4) a nova taxa básica de juros do país.
A previsão dos especialistas do mercado financeiro é de que a Selic sofra alta de 0,75 ponto percentual, passando de 2,75% para 3,5% ao ano.
Em março o comitê interrompeu uma série de quedas iniciadas em julho de 2015 e uma sequência de reduções consecutivas desde julho de 2019, chegando ao menor patamar da história.
Na ocasião, a Selic foi de 2% para 2,75% ao ano e a expectativa dos analistas financeiros era de que seriam feitos outros ajustes até o fim do ano.
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Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, é um dos especialistas que projeta uma elevação de 0,75 ponto percentual na taxa nesta quarta-feira. Segundo ele, até dezembro a Selic deve chegar a 5% ao ano.
Tal patamar deverá ser praticado ao longo dos 12 meses seguintes%2C passando a elevação até 6% apenas no último trimestre de 2022.
Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), também acredita no aumento de 0,75 ponto percentual na Selic.
Oliveira já havia sinalizado que o Copom iniciaria uma trajetória de alta a partir de março.
O economista André Braz, coordenador do IPC do FGV IBRE, engrossa o coro dos especialistas e também espera alta de 0,75 ponto percentual na Selic.
Braz, porém, defende que o período não é o ideal para elevar a taxa básica de juros.
A Selic é uma espingarda para matar hipopótamo e acaba matando passarinho. É estranho elevar a taxa num momento que a economia está patinando%2C está ruim. Existem outros mecanismos que vão pontualmente em setores estratégicos estimulando a concorrência e forçando a redução de preços.
O economista cita dois exemplos:
Desonerar a importação para algum setor específico poder equipar melhor a indústria nacional e forçar queda de preço;
Aumentar a carga de impostos de setores que têm monopólio como forma de punição.
“Temos mecanismos e acessórios não tão potentes quanto a Selic, mas para conter o aumento inflacionário que não vem de demanda, mas de custos, estão apostando muito na taxa básica de juros”, pontua.
Braz acredita que a Selic represa ainda mais porque encarece os juros. “A mensagem que se passa é: empresário não invista na atividade produtiva porque o dinheiro ficará mais rentável. População: não compre bem duráveis porque o seu dinheiro vai render mais no banco.”
O economista continua: “com isso se retrai a demanda e faz a inflação cair. Mas que retração de demanda você fará neste momento se não é daí que vem a pressão inflacionária?”
Apesar de a expectativa de alta de 0,75 ponto percentual, levantamento feito pela Anefac aponta que a alteração terá um efeito muito pequeno nas operações de crédito.
Confira uma simulação
Selic a 2,75%
Se tomarmos como base um empréstimo pessoal de R$ 5 mil feito em 12 vezes num banco. Por conta da Selic a 2,75% ao ano, a taxa mensal praticada pela instituição seria de 3,27%. Ao final das 12 parcelas de R$ 510,44, o consumidor pagaria R$ 6.125,29
Selic a 3,50%
Com a elevação da Selic a 3,50% ao ano, a taxa mensal passaria a 3.33% e o valor das parcelas a R$ 512,26%. Ao final do financiamento, o valor total seria de R$ 6.147,08. Ou seja, uma diferença de R$ 21,79.
Este fato ocorre uma vez que existe um deslocamento muito grande entre a taxa Selic e as taxas de juros cobradas aos consumidores que na média da pessoa física atingem 95,34% ao ano provocando uma variação de mais de 3.300% entre as duas pontas, segundo o estudo.
O Copom deve elevar a Selic não para conter a alta inflação%2C como ocorre em diversos países%2C mas por conta de toda a questão fiscal%2C alta do dólar e impactam na elevação do preço.
Outros aspectos que influenciarão na elevação dos juros, segundo Oliveira, são:
• Elevação dos juros futuros;
• Crescimento da inadimplência por causa do fim das carências nos empréstimos (pausas e carência nas negociações de dívidas) e redução do valor do auxílio emergencial;
• Aumento do desemprego; e
• Expectativa de novas elevações da taxa básica de juros frente a uma inflação maior;