Após morte de turista, visitas guiadas na Rocinha continuam
Delegada alerta turistas sobre visitas à favelas em conflito
Rio de Janeiro|Do R7*, com Record TV Rio
O turismo na favela da Rocinha, zona sul carioca, não foi interrompido, mesmo após a morte de María Esperanza Jiménez Ruiz, na última segunda-feira (23). A equipe da Record TV Rio conversou com turistas que visitavam a comunidade nesta terça-feira (24), um dia após a morte da turista espanhola.
— Não estou com medo, o que aconteceu foi uma fatalidade. Gosto daqui, é um lugar bonito — disse uma australiana, que visitava a comunidade.
O passeio turístico nas favelas do Rio é anunciado pelas agências como uma imersão na cultura carioca. A Rio Tour Carioca, empresa contratada pelo grupo de María Esperanza, informa em seu site que o passeio a favela da Rocinha é “um dos tours mais surpreendentes e requisitados”. Nele, “os visitantes podem ver de perto o modo de vida e a cultura diversificada de quem mora na Favela da Rocinha”.
Paulo Amendoim trabalha como guia de turismo da Rocinha. Ele conta que todos os passeios realizados por ele na comunidade são feitos a pé, porque isso traria mais segurança aos visitantes. Paulo defende que uma parceria entre os guias locais e as agências poderia trazer mais segurança durante os passeios.
— Nós sabemos a hora e o local certo para levar o turista, sem nenhum problema — afirmou Paulo, que é morador da Rocinha.
Porém, para a delegada titular da DEAT (Delegacia de Atendimento ao Turista), Valéria Aragão, é preciso redobrar os cuidados e respeitar as contraindicações de algumas áreas.
— Fazer turismo em local onde está havendo operações policiais, sempre há possibilidade de disparos de arma de fogo, de troca de tiros, porque a polícia está lá para proteger o cidadão, mas numa passagem qualquer um pode ser atingido — alertou a delegada.
A Associação Brasileira dos Agentes de Viagem recomenda que as agências cancelem as visitas às comunidades em conflito. Porém, a orientação não foi atendida por grande parte das empresas.
A rotina de quem vive na Rocinha é marcada por tiroteios desde o dia 17 do mês passado, quando criminosos da mesma facção entraram em confronto, disputando o controle do tráfico de drogas na comunidade. Desde então, as Forças de Segurança realizam operações quase que diariamente no local.
No dia em que María Esperanza foi morta, criminosos e policiais trocavam tiros na parte alta da comunidade, que deixou dois PMs e um suspeito feridos.
A DEAT, que investiga a morte da turista em parceria com a Divisão de Homicídios, também apura a responsabilidade da empresa contratada pelos turistas. Em nota, a Rio Tour Carioca ressaltou que é uma empresa legalizada e que o passeio era acompanhado por uma guia credenciada. A empresa também disse que está à disposição da polícia para prestar esclarecimentos.
Veja a Reportagem:
Jaqueline Suarez, estagiária doR7 Rio