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Seis pacientes testam positivo para o vírus HIV após passarem por transplante no RJ

O governo do estado suspendeu a contratação do laboratório privado para o programa de transplantes; caso é investigado pela polícia

Rio de Janeiro|Do R7, com Agência Brasil

Transplantes foram realizados pela rede estadual RQUIVO/ELZA FIÚZA/AGÊNCIA BRASIL

Seis pessoas testaram positivo para o vírus HIV após terem recebido órgãos transplantados na rede estadual do Rio de Janeiro. A Secretaria de Saúde do Estado identificou que os casos ocorreram com dois doadores diferentes. As notificações foram recebidas nos dias 13 de setembro e 2 de outubro deste ano.

O caso foi descoberto após um dos pacientes transplantados apresentar sintomas neurológicos. Com isso, foram pesquisados os quadros de outros receptores.

Os testes para o programa de transplantes estavam sob responsabilidade de um laboratório privado, que havia sido contratado em dezembro do ano passado — de forma emergencial, em razão de o HemoRio (Instituto Estadual de Hematologia) estar sobrecarregado.

Na quinta-feira (10), o local foi interditado durante uma inspeção da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Durante a ação, não foram apresentados kits de testes nem notas fiscais de compras dos produtos, de acordo com informações da RECORD.


Secretaria diz que o caso é inadmissível

A Secretaria de Estado de Saúde considerou o caso “inadmissível" e afirmou ter criado uma comissão multidisciplinar para acolher os pacientes afetados, além de tomar medidas para garantir a segurança dos transplantados.

Segundo o governo do estado, o laboratório privado, contratado por licitação pela Fundação Saúde para atender o programa de transplantes, teve o serviço suspenso. Agora, os exames voltam a ser realizados pelo Hemorio.


A secretaria informou ter aberto uma sindicância para identificar e punir os responsáveis.

Além disso, as autoridades vão rastrear todas as amostras de sangue de doadores que passaram pelo laboratório privado durante todo o período de prestação do serviço. Ao menos 286 casos serão reavaliados, de acordo com a secretária Cláudia Mello.


“Esta é uma situação sem precedentes. O serviço de transplantes no estado do Rio de Janeiro sempre realizou um trabalho de excelência e, desde 2006, salvou as vidas de mais de 16 mil pessoas”, disse a pasta por meio de nota.

O que disse o laboratório

O laboratório PCS Lab localizado em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, afirmou ter usado nos procedimentos os kits de diagnóstico recomendados pelo Ministério da Saúde e pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

O laboratório disse que dará suporte médico e psicológico aos pacientes infectados com HIV e seus familiares; e reitera que está à disposição das autoridades policiais, sanitárias e de classe que investigam o caso.

Laboratório é ligado a parentes do deputado federal Dr. Luizinho

O deputado federal Dr. Luizinho negou que tenha participado da escolha do laboratório e que a contratação ocorreu quando ele já não era mais secretário.

O político afirmou que conhece o laboratório há mais de 30 anos e que a unidade foi dirigida pelo marido de sua tia.

Em nota, Dr. Luizinho lamentou a situação gravíssima e defendeu uma apuração rigorosa do caso com identificação e punição dos responsáveis.

“Situação é gravíssima", afirma Cremerj

O Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro) também abriu uma sindicância para apurar as denúncias referentes à contaminação pelo vírus HIV de pacientes que receberam órgãos transplantados em unidades da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro.

“A situação é gravíssima e o Cremerj reafirma seu compromisso de apurar os fatos com todo o rigor. A segurança dos pacientes é fundamental para garantir o bom exercício da medicina no estado do Rio de Janeiro e supostas falhas desse tipo são inaceitáveis”, afirmou o presidente do Cremerj, Walter Palis.

Polícia Civil investiga o caso

Uma investigação foi aberta pela Polícia Civil. A Decon (Delegacia do Consumidor), que tem entre suas atribuições a apuração de casos de saúde pública, realiza diligências.

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