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29% dos jovens sofrem com bullying e violência em escolas de São Paulo

Houve prevalência de vítimas entre adolescentes que declararam orientação não heterossexual e que disseram ter alguma deficiência

São Paulo|Agência Brasil

15% disseram ter cometido bullying e 19% ter cometido violência
15% disseram ter cometido bullying e 19% ter cometido violência

A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) realizou uma pesquisa com 2.702 adolescentes do nono ano do Ensino Fundamental em 119 escolas públicas e privadas da capital paulista, publicada nesta segunda-feira (03), que revelou que 29% deles relataram ter sido vítimas de bullying no ano de 2019 e 23% afirmaram ter sido vítimas de violência. Além disso, 15% disseram ter cometido bullying e 19% ter cometido violência.

Houve prevalência de vítimas de bullying e de violência entre adolescentes que declararam orientação não heterossexual e que disseram ter alguma deficiência. “Uma das características do bullying é exatamente se estruturar em torno de adolescentes que portam características que o colocam em uma posição de alvo vulnerável, pela posição social, pela cor da pele, por características físicas ou pela orientação sexual”, explicou a professora Maria Fernanda Tourinho, coordenadora do Projeto São Paulo para o Desenvolvimento Social de Crianças e Adolescentes (SP-Proso).

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O relatório destaca três pontos: o primeiro é que os casos de bullying e violência entre adolescentes não são eventos raros, o segundo é que tanto o bullying quanto a violência são resultados de causas possíveis de serem identificadas e, por último, o bullying e a violência podem ser evitados.


Drogas

A ocorrência de bullying e violência foi associada pelo estudo a fatores como o aumento do uso de drogas depressoras, incluindo álcool e tabaco, níveis elevados de ansiedade e depressão, chamados sintomas de internalização, e piora na saúde.


Do total de entrevistados, mais da metade dos adolescentes (59%) consumiram pelo menos uma droga depressora no último ano. O ato de beber compulsivamente ocorre em 28% da amostra, o que é considerado um índice alto pela pesquisadora. “Acho que atualmente reforçar a importância da escola na discussão desses aspectos é muito importante”, avaliou.

A coordenadora do projeto defende também a estruturação de ações muito próximas entre a escola e o setor de saúde para lidar com esses casos, além de “pensar em formas de prevenção do uso de álcool e drogas que se comuniquem bem com os adolescentes nessa faixa etária, que fujam de uma estratégia que seja condenatória no sentido de só apontar que é ilegal”.


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Reconstrução escolar

Em relação à escola, os pesquisadores observaram que quanto maior o compromisso e a legitimidade atribuídos à escola e quanto melhor a relação com os professores, menor é a frequência de perpetração e vitimização de bullying e violência. “Quanto maior a percepção dos alunos de um ambiente escolar negativo e com alta desordem, maior é o envolvimento dos adolescentes em situações de bullying e violência.

O envolvimento positivo dos pais esteve associado a níveis mais baixos de bullying, além do apoio social dos amigos e um ambiente escolar ordenado e não violento.

“As práticas parentais positivas são aquelas em que os pais são acolhedores, têm uma relação próxima com seus filhos, desenvolvem atividades juntos, conhecem os amigos dos filhos, conseguem dar reforços positivos para seus filhos, colocar limites de forma clara. A gente encontrou que [essas práticas] têm efeito protetor [contra o bullying e a violência]”, disse a pesquisadora.

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