O governador de São Paulo João Doria (PSDB) defendeu nesta quinta-feira (9) o fim das atividades do Aeroporto Campo de Marte, na zona norte de São Paulo, um dia após um piloto morrer depois que o avião que comandava cair na Avenida Braz Leme, próximo ao aeroporto.O piloto Paulo Magalhães Pereira, de 48 anos, morreu após a queda da aeronave. "Mais um acidente aéreo no Campo de Marte", escreveu Doria. Reafirmo minha defesa no encerramento das atividades deste aeroporto, mantendo apenas pousos e decolagens de helicópteros. Inúmeros acidentes com vítimas já aconteceram ali. Minha solidariedade aos familiares do piloto que perdeu sua vida A região do Aeroporto Campo de Marte, na zona norte de São Paulo, já foi marcada por acidentes de aviões pequenos. Em 2018, ocorreram duas quedas, que deixaram dois mortos e seis feridos.Acidentes com aviões pequenos marcam região do Campo de Marte Uma foi em 30 de novembro, quando um avião modelo Cessna 210N caiu no bairro da Casa Verde, matando o piloto, e a outra em 29 de julho, quando houve a morte do piloto e seis pessoas ficaram feridas. Em 1995, um avião Cessna caiu sobre a Avenida Santos Dumont, próximo ao local da queda desta sexta, no bairro de Santana, matando seis pessoas. O fato ocorreu pois o piloto não conseguiu levantar voo. Em 2003, um helicóptero caiu durante um treinamento de pouso de emergência. A queda causou um incêndio e o instrutor morreu no local. Em 4 de novembro de 2007, um avião executivo caiu sobre quatro casas no bairro da Casa Verde. O acidente aconteceu por volta das 14h15 e houve oito mortes. Foram quatro homens, três mulheres e um bebê de nove meses. Em 19 de março de 2016, a aeronave experimental do empresário Roger Agnelli caiu logo depois de decolar do Campo de Marte. Na ocasião, houve seis mortos, incluindo o empresário, a mulher Andrea, os dois filhos do casal, Ana Carolina e João, o genro de Agnelli, Parris Bittencourt, e sua namorada. Além de quedas, o Campo de Marte também presenciou um helicóptero que tombou no local. Em 27 de março de 2016, um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) tombou e duas pessoas tiveram ferimentos leves, um instrutor e uma aluna. Segundo a FAB, o vento forte do dia pode ter feito a aeronave tombar.Prefeitos já tentaram fechar O fim das operações no Campo de Marte é uma promessa antiga de governantes de todas as esferas, sobretudo diante do registro de acidentes no local e nos bairros vizinhos nos últimos anos. O governo Jair Bolsonaro incluiu o local no plano federal de privatizações, com leilão previsto para o segundo semestre de 2022. O prefeito Bruno Covas (PSDB), entretanto, já havia cobrado da União no início do ano passado o cumprimento da promessa anterior, de transformar o aeroporto em museu e parque. Em agosto de 2017, por exemplo, o então prefeito e hoje governador de São Paulo, João Doria (PSDB), firmou com o então presidente Michel Temer acordo sobre o local. A União se comprometeu a ceder 400 mil m² do terreno ao Município para um projeto que incluiria um museu aeroespacial, um parque e, por último, o fim das operações de aviação executiva. Após encontro com Temer, Doria anunciou o fim das operações do terminal para 2020. Ele defendeu ainda a desativação da pista, dizendo que vários aeroportos funcionais em implementação no entorno da capital poderiam substituir o Campo de Marte, que ficaria só com a aviação de helicópteros. Mas a possibilidade de repassar decolagens e pousos de aviões de pequeno porte para outras cidades que travou negociações. Antes disso, em maio de 2013, o então prefeito Fernando Haddad (PT) fez pedido oficial à Aeronáutica para tirar a asa fixa de lá. Ele queria viabilizar a construção dos prédios do Arco do Futuro, projeto urbanístico prometido na campanha. A ideia era transformar o Campo de Marte apenas em heliporto. Os antecessores Gilberto Kassab, José Serra e Celso Pitta também cogitaram transformar a área em parque. O principal problema é que o espaço é gerido pela Aeronáutica e Infraero, ligados ao Ministério da Defesa, que briga na Justiça desde 1958 com São Paulo pelo terreno.O acidente Segundo informações, não havia mais passageiros na aeronave. O avião decolou de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, com destino ao aeroporto de Campo de Marte, localizado em Santana, na zona norte. De acordo com testemunhas, o avião perdeu altitude, tentou arremeter, mas logo em seguida despencou e por pouco não atingiu os carros e pessoas que caminhavam e andavam de bicicleta na ciclovia. Um homem que passava pelo local afirmou à Record TV que viu a queda da aeronave e quase foi atingido. Ele sofreu uma queimadura na mão, após o avião explodir. Sete viaturas do Corpo de Bombeiros foram enviadas para o local do acidente. O fogo na aeronave foi apagado meia hora depois. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) fez um isolamento na avenida Braz Leme, no perímetro do acidente, e o trânsito foi bloqueado no dois sentidos da via. As causas da queda ainda são desconhecidas e serão investigadas pelo Seripa (Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos). De acordo com o registro junto à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) a documentação do avião está regular, e o dono da aeronave tem autorização para realizar serviços aéreos privados, que não incluem operação de táxi aéreo.