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Bastidores: origem da greve de ônibus em SP envolve questão sobre adicional insalubridade

Valor do adicional foi contabilizado dentro dos 10% de aumento anunciado 

São Paulo|Alvaro Magalhães, do R7

Greve de ônibus em São Paulo
Greve de ônibus em São Paulo

A origem da greve de motoristas e cobradores de ônibus que pegou de surpresa os paulistanos na terça e quarta-feira envolve a questão do adicional insalubridade.

Pelo acordo fechado entre o Sindmotoristas, sindicato da categoria, e a SPUrbanuss, sindicato patronal, as empresas passarão a pagar o benefício, de cerca de R$ 144.

O valor do adicional foi contabilizado dentro dos 10% de aumento anunciado pelo sindicato — o fato desagradou a motoristas que, à revelia do sindicato, deflagraram a greve.

— Queremos ver também como vão ficar os processos antigos — disse um motorista, que pediu para não ser identificado, referindo-se à ação promovida pelo Sindmotoristas contra as empresas exigindo o pagamento do adicional retroativo a quase uma década — Tem gente que pode receber mais de R$ 10 mil. Agora o sindicato vai abrir mão disso?


O pagamento do benefício era uma reivindicação antiga da categoria. Nos últimos anos, o sindicato conseguiu decisões favoráveis em primeira instância contra ao menos três empresas, mas os processos ainda correm na Justiça.

Abertamente, os grevistas não citam o problema. Referem-se ao percentual do aumento e à suposta falta de divulgação da assembleia que ratificou o acordo.


— Nossa principal questão é que o aumento foi muito pequeno — disse Paulo Martins Santos, um dos líderes da greve e funcionário da Viação Gato Preto — Queremos que as negociações sejam reabertas.

Sindicato diz que manterá processos


José Valdevan de Jesus, o Valdevan Noventa, presidente do sindicato e contrário à greve, admite que os 10% incluem o adicional insalubridade, mas nega que o sindicato vá abrir mão dos processos contra as empresas.

— A gente considera que o adicional é a conquista mais importante de nossa negociação. Era uma reivindicação antiga e nós, no nosso primeiro ano de negociação, conseguimos o benefício [Valdevan foi eleito presidente em julho passado, após acirrada disputa com o então presidente Isao Hosogi, o Jorginho]. Agora, o processo é uma coisa anterior e vai continuar. É claro que as empresas estão lutando, com recursos, para evitar esse pagamento, mas não vamos abrir mão.

O sindicato dos motoristas de ônibus de São Paulo já foi palco de disputas violentas. As brigas pelo poder da entidade deixaram 16 mortos ao longo de 20 anos, segundo investigação do Ministério Público.

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