Tragédia no centro de São Paulo

São Paulo Cadela Sarah cavou com a pata o ponto onde estaria o 2º corpo

Cadela Sarah cavou com a pata o ponto onde estaria o 2º corpo

Cão da raça Labrador farejou odor e parou sobre o monte de entulho que criou-se após o desabamento do prédio Wilton Paes de Almeida

  • São Paulo | Plínio Aguiar, do R7

Cadela Sarah, de três anos e meio, achou fragmentos de 2º corpo

Cadela Sarah, de três anos e meio, achou fragmentos de 2º corpo

Edu Garcia/R7

O Corpo de Bombeiros encontrou na manhã desta terça-feira (8) fragmentos ósseos de um corpo humano nos escombros do edifício Wilton Paes Almeida, que desabou há uma semana no Largo do Paissandu, no centro de São Paulo. A principal pista para a localização dos restos mortais foi dada pela cadela Sarah, de três anos e meio.

A cadela da raça labrador foi concedida ao cabo Gérson Ferreira quando tinha apenas 40 dias de vida, durante um treinamento da corporação em Santa Catarina. Após o fim do curso, o bombeiro trouxe o cão para São Paulo, onde começou o adestramento. "Pra nós é trabalho, mas para os cães é uma brincadeira", diz em entrevista ao R7.  

Ele conta que o treinamento envolve, por exemplo, esconde-esconde: "colocamos um objeto em algum lugar e pedimos para ela encontrar". Os animais possuem alimentação balanceada para a atividade que exercem e, por isso, a recompensa, diz Gérson, é a interação com o condutor — nada de petiscos.

A gratificação não foi diferente na noite de segunda-feira (7), quando Sarah sentiu-se incomodada em uma região dos escombros. Por volta de 22h, a cadela sentiu um odor diferente e sentou-se, cavando com a pata e olhando para seu condutor. Gérson, para testar, a chamou para outro lugar, mas ela andava e voltava para o lugar inicial.

Nesse momento, os bombeiros começaram o trabalho manual para procurar possíveis desaparecidos. Cerca de nove horas depois, fragmentos ósseos foram encontrados — há a suspeita de que seja de uma criança. "Assim que ela mostrou o sinal de tinha algo ali, tiramos ela da região e eu brinquei com ela", conta.

Gérson contou que essa não foi a primeira vez que Sarah localizou uma pessoa. Em 26 de dezembro de 2015, a cadela encontrou uma criança, de um ano e oito meses, soterrada em escombros em Itapecerica da Serra, na região metropolitana paulista. "A criança estava debaixo da terra há sete horas e a Sarah conseguiu localizá-la".

Durante o dia a dia, os cães da corporação ficam no canil, localizado no Ipiranga, na zona sul da capital paulista. Entre as tarefas, estão: interação com o condutor, condicionamento físico, treinamento especifíco e natação. Sarah, por exemplo, passa 12 horas com o cabo Gérson.

Quando o bombeiro está de folga do trabalho ou durante um feriado prolongado, Sarah é levada para a casa dele. "Eu tenho três filhos e ela adora eles. Tenho uma neném que deita e brinca com ela", conta. O agente diz que possui dois cachorros em casa: de quatro e oito anos, das raças Shih Tzu e Basset Hound. 

Cabo Gérson, do Corpo de Bombeiros de SP, com cadelah Sarah

Cabo Gérson, do Corpo de Bombeiros de SP, com cadelah Sarah

Arquivo Pessoal

Time de primeira

A Corporação trabalha nos escombros do Wilton Paes Almeida com quatro cães farejadores. Os animais, segundo o tenente Guilherme Derrite, têm sido fundamentais nas buscas por desaparecidos. São eles: Vasty, Hope, Sarah e Wiki. Este último é o estagiário: tem apenas nove meses.

A cadela mais experiente nesta ocorrência é a fêmea Vasty, de 5 anos, responsável por localizar o primeiro corpo entre os escombros. Depois, vem Sarah, seguida de Hope, de um ano e oito meses, e Wiki. "Ele está vindo para ter a experiência de trabalho em campo e se acostumar com a rotina das buscas", explica o cabo Gérson.

De acordo com o bombeiro, os cães atuam em dupla e são divididos em turnos. A cada 20 minutos de trabalho, eles param para descansar por uma hora. Durante a pequena interrupção, eles são levados para uma viatura da corporação com água e ar condicionado.

Últimas