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Carros perdem 1,2 m de espaço de pista com ciclofaixa na Rebouças

Avenida que liga região oeste ao centro será contemplada com ciclofaixa. Prefeitura fala que número de ciclistas, que já são 500 por dia, irá aumentar

São Paulo|Do R7


Avenida Rebouças (foto) ganhará ciclofaixa em ambos os sentidos
Avenida Rebouças (foto) ganhará ciclofaixa em ambos os sentidos

As faixas de rolamento para carros na avenida Rebouças, importante via que liga a região oeste ao centro de São Paulo, sofrerão a diminuição de 1 a 1,20 metro para dar lugar a ciclofaixa que será implantada no local.

O novo trecho faz parte do Plano Cicloviário, que prevê a construção de 173 km de novas vias de conexões para bicicletas. Dessa forma, será possível aos ciclistas fazer ligações com terminais de ônibus e estações de metrô e trem, favorecendo a micromobilidade.

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Prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB) deve correr contra o tempo para concretizar o plano de mobilidade, visto que a administração municipal, sob a gestão tucana, não criou durante quase dois anos nenhum km de ciclovia nem ciclorrota. Reportagem do R7 veiculada no início deste mês mostra, também, que o órgão instalou no mesmo período apenas um trecho de 900 metros de ciclofaixa.


De acordo com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), a avenida Rebouças possui largura variável, de 10 a 14,55 metros, além de 3 a 4 faixas por sentido – em outros lugares, como próximo à avenida Paulista, o número chega a 5.

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A ciclofaixa projetada para o local, por sua vez, será unidirecional, com largura variando entre 1 e 1,20 metro, instalada ao lado das calçadas de ambos os sentidos. Dessa forma, as faixas de rolamento para carros e ônibus serão reajustadas para dar espaço aos ciclistas. “Vale ressaltar que a largura média das faixas para veículos poderá variar entre 2,50 e 2,80 metros e a faixa exclusiva para ônibus de 3,30 a 3,50 metros”, informou a autarquia.

Apesar de a novidade ter sido anunciado no dia 13 pela gestão Covas (PSDB), motoristas, pedestres, comerciantes e até mesmo ciclistas foram pegos de surpresa quando a reportagem do R7 os questionou sobre a ciclofaixa da Rebouças.


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A implantação do modal que cada vez tem mais adeptos preocupa Roberto Mendes Tenório, proprietário de uma banca localizada na esquina da avenida há 32 anos. “Aqui já não se anda de carro, imagina de bicicleta? Eu sou a favor de ciclofaixa, mas a Rebouças é muito estreita para abrigar uma”, argumenta.

Ivonete Santana, de 40 anos, trabalha como pipoqueira no cruzamento da avenida Rebouças com a Oscar Freire e concorda com Tenório. “Eu vejo muito carro sendo fechado aqui, o que às vezes provoca acidente. E isso acontece porque, entre outros motivos, não tem muito espaço. E agora vão colocar uma ciclofaixa? Não sei não”, conta. “Gostaria que colocassem uma ciclofaixa lá na minha casa, na estrada do Campo Limpo”, sugere. A pipoqueira conta que possui duas bicicletas e faz o uso regular do modal, mas não como opção viável, uma vez que não há infraestrutura na região onde mora.

Ciclista Márcio Barro aprova a implantação de ciclofaixa na Rebouças
Ciclista Márcio Barro aprova a implantação de ciclofaixa na Rebouças

Sua fala é rebatida pelo ciclista Márcio Barro, de 44 anos. Morador do centro, utiliza a Rebouças para chegar em seu destino. “É bom, até porque traz segurança para quem anda de bike, né!” Segundo ele, a ciclofaixa também é necessária para que os ciclistas “não utilizem as calçadas, uma vez que a via é perigosa”.

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Também ciclista, Liuthab Felício fortalece o movimento e avalia como positiva a implantação de uma ciclofaixa na Rebouças. “Eu acho válido até porque precisamos de modais alternativos de transporte e, claro, incentivo, o que significa instalar ciclofaixas pela cidade”, afirma.

Questionado se a avenida possui espaço o suficiente para abrigar uma ciclofaixa, Felício aponta para um carro parado no semáforo. “Aquilo é espaço. Eu estou vendo apenas uma pessoa utilizando aquele veículo, enquanto que o ônibus ao lado tem muito mais pessoas. Precisamos de espaço, e a bicicleta não ocupa o mesmo que um carro. O problema não é a bicicleta, é sobre a perda da individualidade que o carro proporciona”, defende.

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Uso e mortes

O uso de bicicleta como meio de transporte na região metropolitana paulista teve um crescimento médio de 24% na última década. Em algumas regiões, como os eixos das avenidas Faria Lima e Engenheiro Luís Carlos Berrini, que receberam ciclovias, esse acréscimo chega a 1.173%.

Pesquisa Origem e Destino do Metrô, divulgada em julho, mostra que o total de viagens de bicicleta passou de 307 mil, em 2007, para 377 mil. O uso do modal é maior em cidades ao redor da capital, como Guararema, Ribeirão Pires e Suzano. No entanto, no eixo da zona oeste, área em que mais se implantou ciclofaixas, a pesquisa feita em 2007 apontou 398 viagens de bicicletas por dia, enquanto que em 2017 o número saltou para 5.067.

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O número de mortes de ciclistas em acidentes de trânsito aumentou 69,2% no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2018, passando de 13 para 22 ocorrências, segundo dados do Infosiga SP, sistema do governo estadual que divulga dados sobre o tema.

Falta de espaço é a principal crítica sobre a implantação da ciclofaixa
Falta de espaço é a principal crítica sobre a implantação da ciclofaixa

Defesa

Procurada, a CET argumenta que o plano tem como objetivo expandir e requalificar a malha cicloviária, proporcionando segurança para ciclistas, motoristas, motociclistas e pedestres. “O plano foi idealizado para tomar a bicicleta, definitivamente, como um modal de transporte para pequenas distâncias (até 3,5 km) e para as distâncias iniciais e finais das viagens realizadas na cidade”, disse em nota.

Contagens realizadas pela autarquia mostra que diariamente passam pela avenida Rebouças aproximadamente 500 ciclistas. “Esse número, com um espaço próprio, confortável e seguro para pedalar, irá aumentar”, defende. “Os projetos de implantação de estruturas cicloviárias priorizam as normas de segurança e características de cada uma das vias. A opção para a avenida Rebouças são ciclofaixas unidirecionais, construídas nas extremidades da via.”

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