O caso do policial militar que jogou um jovem de cima de uma ponte, em São Paulo, trouxe à tona, mais uma vez, a discussão sobre as ações do Estado em casos assim. Especialistas da área de segurança pública defendem que o Estado deve adotar uma política de “racionalidade” no enfrentamento do crime organizado.“Quem age com ódio, com emoção, são as pessoas que cometem os ilícitos. O Estado deve agir dentro do processo legal e com a racionalidade possível, dentro daquilo que se espera da polícia de segurança pública”, analisa o advogado especialista em direito público Fernando Capano. Nesta semana, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o secretário de Segurança do estado, Guilherme Derrite, afirmaram que as ações estão sendo investigadas.Para Capano, as situações devem ser tratadas como “problemas complexos”, mas a mudança no discurso das autoridades deve refletir no comportamento das tropas.“Me parece que ele [Derrite] adotou uma política de enfrentamento, e isso repercute. Essa talvez seja uma das explicações para o contexto de violência em São Paulo. Mas eu já vi o Derrite vir a público e afirmar que não irá tolerar esse tipo de atitude. Isso já é uma mudança de conduta”, explica. O especialista defende o trabalho da atual gestão, e ressalta o conhecimento do titular da pasta sobre a cooperação. Derrite atuou na Polícia Militar por mais de 25 anos.Nas redes sociais, o chefe da segurança no estado classificou a cena em que o policial militar joga um homem de uma ponte como “lamentável” e confirmou o afastamento imediato dos envolvidos. Luan Felipe Alves Pereira foi detido na manhã de quinta-feira (5), quando prestaria depoimento. Ele foi levado ao Presídio Militar Romão Gomes, conhecido como Barro Branco, na zona norte da capital paulista.O pedido de prisão havia sido feito pela Corregedoria da PM à Justiça Militar, a princípio para averiguação e agora preventivamente, após decreto do juiz militar Fabrício Alonso Martinez Della Paschoal. Com a determinação, o agente policial ficará sob custódia enquanto as investigações do caso acontecem.No decreto de prisão, Della Paschoal justifica o pedido de preventiva, dizendo que “a prática de conduta perpetrada por policial em serviço, atentatória à integridade física de um civil rendido durante a abordagem policial, não revela nenhuma circunstância anormal ou extraordinária que pudesse justificar a conduta do representado, conforme as imagens analisadas em juízo de cognição perfunctória”.O juiz também alegou que o caso fere a imagem da instituição.