Máscara de caveira de aluno que atacou escola é igual à usada no massacre de Suzano; veja razão
Especialista explica que atentados semelhantes em escolas podem ter influência do tempo gasto em sites proibidos e aponta soluções
São Paulo|Isabelle Amaral, do R7
A máscara de caveira usada por um aluno da Escola Estadual Thomazia Montoro, na zona oeste de São Paulo, que atacou colegas e professores com golpes de faca na manhã desta segunda-feira (27) é a mesma utilizada no massacre em Suzano e no atentado em Aracruz (ES).
A bandana preta com a estampa de caveira desenhada, tampando boca e nariz, é símbolo de supremacistas americanos, além de aparecer em programas de televisão com personagens fictícios, como na série American Horror Story.
Nessa série, um personagem específico chama atenção: Tate Langdon. Ele é o fantasma de um adolescente que foi morto pela polícia após ter atacador a escola onde estudava e assasinar diversos alunos.
Para a delegada e diretora da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil, Raquel Gallinati, além de serem influenciados por personagens fictícios, adolescentes que, por algum motivo, têm o desejo de atingir professores e colegas em escolas podem, possivelmente, passar muito tempo na deep web, dark web e 'discords', que são chats de jogos sem um gerenciador para atos criminosos.
"São, muitas das vezes, vítimas de bullying, pessoas que estão com o psicológico completamente abalado, passam muito tempo nessas redes na internet e sem a supervisão dos pais", explica.
Outro fator citado pela especialista é o excesso de informação e ausência de educação e foco para crianças e adolescentes que ainda estão em desenvolvimento. Ela acredita que o massacre de Suzano, ocorrido em 2019, por exemplo, possa ter influenciado até nas características da ação.
"A ausência de castigo e impunidade são fatores que encorajam a prática de crimes", ressaltou Gallinati, que também é embaixadora do Intituto Pró Vítima.
Bullying e o impacto no psicológico
No caso ocorrido nesta segunda (27) em uma escola da zona oeste de São Paulo, o autor das facadas, identificado como Guilherme, teria praticado bullying contra um outro estudante. Alunos entrevistados pela Record TV revelaram que, na semana passada, ele tinha xingado um colega de macado, e os dois iniciaram uma "briga de socos".
Na ocasião, a professora morta a facadas por Guilherme teria separado a briga. O alvo, com quem ele havia brigado na semana passada, não tinha ido à escola hoje, então o agressor atingiu outros alunos e docentes. No ataque, além da professora morta, dois alunos e outros dois professores ficaram feridos.
No atentado ocorrido em Aracruz, no Espírito Santo, em que um adolescente armado invadiu duas escolas em novembro do ano passado, o delegado responsável pelo caso afirmou que os agressores planejaram o ataque após terem sido vítimas de bullying. Quatro pessoas morreram e ao menos 13 ficaram feridas.
No massacre em Suzano, que teve repercussão mundial, ocorrido na Escola Estadual Professor Raul Brasil, o motivo também teria sido bullying. Os dois adolescentes responsáveis pelas oito mortes na unidade de ensino se mataram após o crime.
"A gente sabe que a história se repete. As pessoas que cometem esses massacres são aquelas que, de certa forma, foram agredidas ou têm a intenção de agredir por algum motivo inexplicado", afirma Raquel Gallinati.
Medidas necessárias
As medidas necessárias para evitar ataques do tipo, segundo a especialista, são "regras para que o bullying deixe de existir de vez nas escolas, além de um efetivo controle e segurança pública nessas unidades de ensino".
Um complexo multidiscilplinar que envolva educação, orientação psicológica e supervisão familiar também é um elemento importante para evitar essas tragédias, segundo a delegada.
"Os pais enviam os filhos para a escola acreditando que eles estão em um lugar seguro, mas não é isso que estamos vendo. De tempos em tempos, massacres em escolas são noticiados, mas nada de forma efetiva sem sido feito ou solucionado", completou.