Os moradores de um terreno ocupado na região do Iguatemi, zona leste de São Paulo, fizeram manifestação contra reintegração de posse com barricadas e focos de incêndio para impedir a passagem da Polícia Militar, na manhã desta segunda-feira (12). Os mandados de reintegração de posse estão previstos para ser cumpridos na terça-feira (13). O terreno possui cerca de 400 casas e está localizado na rua Anecy Rocha, altura do número 947. De acordo com uma das moradoras, Ariana Ferreira, o local está ocupado por diversas famílias há mais de dez anos. Durante o período de ocupação, as pessoas construíram suas casas por meios próprios. Nos últimos meses, a imobiliária que detém a propriedade do terreno passou a cobrar os moradores pela compra dos lotes. No entanto, a incorporadora tem cobrado valores acima do estipulado para o terreno, do qual a empresa detém a posse.• Compartilhe esta notícia no WhatsApp• Compartilhe esta notícia no Telegram Segundo Ariana, a imobiliária está cobrando cerca de seis vezes mais do que o valor do terreno e alega que, como já há imóveis construídos, o preço aumentou. No caso da moradora, por seu terreno, que vale cerca de R$ 40 mil, está sendo cobrado um valor entre R$ 200 mil e R$ 300 mil para a compra. A situação dos moradores do terreno ocupado, segundo Ariana, está em três estágios: os que já entraram com ação na Justiça e não podem ter seu imóvel desocupado até a decisão final; os que estão entrando com processos; e os que não abriram nenhuma ação contra a imobiliária. No caso da moradora, a sua casa já está em processo judicial, e, até o momento, ela não recebeu nenhuma intimação. Para tentar reaver o terreno, a imobiliária está realizando processos de desocupação por partes. Para esta terça-feira (13), três terrenos foram notificados. Entre as famílias que receberam ordem de despejo está uma com uma criança com condições especiais de saúde, que não estará no imóvel na data da desocupação por precisar ir até o hospital. Por conta da desocupação, diversos moradores do terreno estão realizando uma manifestação no endereço. Imagens a que a Agência Record teve acesso mostram barricadas que impedem a passagem das viaturas da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. A população também utiliza focos de incêndio para impedir a aproximação. De acordo com a Polícia Militar, a corporação recebeu um acionamento para a manifestação no endereço por volta das 5h55, por conta de uma reintegração de posse prevista para o dia seguinte. A moradora ainda alegou que a região não possui uma estrutura de saneamento básico, com a falta de coleta regular de lixo no bairro. Nas ruas, há apenas caçambas de lixo para os moradores despejarem seus resíduos. Ainda segundo Ariana, até o momento as famílias não receberam auxílio da Prefeitura de São Paulo. A reportagem solicitou uma nota à gestão, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem. O 49° DP (São Mateus) é responsável pela área.